ATA DA NONAGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA
QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM
03-11-2004.
Aos três dias do mês de novembro de dois mil e
quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Elias Vidal, Ervino Besson,
Guilherme Barbosa, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Margarete
Moraes, Nereu D'Avila, Professor Garcia, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Renato
Guimarães e Wilton Araújo. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir
Oliboni, Almerindo Filho, Beto Moesch, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Cláudio
Sebenelo, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Haroldo
de Souza, Helena Bonumá, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Maria Celeste, Pedro
Américo Leal, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. Constatada a existência de
quórum, a Senhora Presidenta declarou abertos os trabalhos e determinou a
distribuição em avulsos das Atas da Octogésima Terceira e Octogésima Quarta
Sessões Ordinárias e da Qüinquagésima Quarta Sessão Solene, que foram
aprovadas. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Beto Moesch, o Pedido de
Informações nº 161/04 (Processo nº 5149/04); pelo Vereador Cláudio Sebenelo, o
Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 201/04 (Processo nº
4758/04); pelo Vereador Ervino Besson, os Pedidos de Providências nos
2007, 2008, 2011 e 2033/04 (Processos nos 5076, 5080, 5089 e
5137/04, respectivamente) e os Pedidos de Informações nos 158 e
159/04 (Processos nos 5077 e 5092/04, respectivamente); pelo
Vereador Haroldo de Souza, o Pedido de Providências nº 2004/04 (Processo nº
5050/04); pelo Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos de Providências nos
2016, 2017, 2018, 2019, 2020, 2021, 2022, 2023, 2024, 2025, 2026 e 2027/04
(Processos nos 5108, 5109, 5110, 5111, 5112, 5113, 5119, 5120, 5122,
5123, 5124 e 5125/04, respectivamente), o Pedido de Informações nº 160/04 (Processo
nº 5102/04) e as Indicações nos 033 e 034/04 (Processos nos
5100 e 5101/04, respectivamente); pelo Vereador Professor Garcia, o Pedido de
Providências nº 2009/04 (Processo nº 5081/04). Do EXPEDIENTE, constaram os
Ofícios nos 162329, 164287, 164552, 164980 e 165019/04, da Senhora
Márcia Aparecida do Amaral, respondendo pela Diretoria Executiva do Fundo
Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, e 320997, 320998, 321152, 321543 e
325617/04, do Senhor Arionaldo Bonfim Rosendo, Diretor Executivo do Fundo
Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Após, o Senhor Presidente concedeu a
palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Padre Roberto Paz, representando do Grupo de
Diálogo Inter-Religioso, que abordou a importância da harmonia e da convivência
fraterna entre os integrantes dos diferentes grupos religiosos da sociedade
atual, como meio de promoção da paz entre os seres humanos. Ainda, procedeu à
leitura da “Carta de Princípios 2003”, divulgada pela entidade que preside, em
que se destaca a necessidade da conscientização frente a conceitos como
solidariedade, integração, justiça e respeito à diversidade cultural, étnica e
religiosa. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores
Luiz Braz, Professor Garcia, Wilton Araújo, Ervino Besson, Elói Guimarães,
Sebastião Melo, Reginaldo Pujol, Beto Moesch, Maria Celeste e Raul Carrion
manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às
quatorze horas e quarenta e um minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta e quatro minutos, constatada a existência de quórum. A seguir,
foram apregoadas as Emendas nos 21 a 28, de autoria do Vereador Dr.
Goulart, apostas ao Projeto de Lei do Executivo º 047/04 (Processo nº 4837/04).
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão manifestou-se quanto ao
segundo turno das eleições municipais ocorrido em trinta e um de outubro do
corrente ano. Também, contestou declarações do Senhor Emir Sader, publicadas
hoje na imprensa, sobre a possibilidade de transferência da sede do Fórum
Social Mundial de dois mil e cinco para Recife ou Belo Horizonte, e registrou
estar encaminhando Requerimento para que esta Casa posicione-se favoravelmente
à manutenção desse evento em Porto Alegre. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar,
esteve, em 6ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 047/04, discutido pelos
Vereadores João Antonio Dib, Professor Garcia, Guilherme Barbosa, Raul Carrion,
Reginaldo Pujol e Luiz Braz. Na ocasião, foi apregoado o Memorando nº
443/04, firmado pela Vereadora Margarete Moraes, Presidenta da Câmara Municipal
de Porto Alegre, por meio do qual Sua Excelência informa que a Vereadora Helena
Bonumá representará externamente este Legislativo, na solenidade de abertura da
Semana da Guarda Municipal e Premiação por Tempo de Serviço, às dezesseis horas
de hoje, no auditório da Secretaria Municipal de Administração. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn expressou sua surpresa com as notícias de
que a próxima edição do Fórum Social Mundial não mais se realizaria em Porto
Alegre, considerando esse um ato revanchista por parte de alguns setores
políticos. Ainda, comentou declarações do Senhor Emir Sader a respeito do
resultado das eleições em Porto Alegre, analisando a história e o cenário políticos
da Cidade e do Rio Grande do Sul. O Vereador Cassiá Carpes conclamou os
Partidos que endossaram o nome do ex-Senador José Fogaça para Prefeito de Porto
Alegre a realizarem uma reflexão, ressaltando que a importância do apoio de
outros Partidos à candidatura de Sua Senhoria foi decisiva para a vitória na
última eleição. Nesse sentido, registrou sua confiança na experiência política
do ex-Senador José Fogaça e considerou desaconselhável pressões por cargos
públicos no próximo Governo Municipal. O Vereador Beto Moesch cumprimentou o
Senhor José Fogaça pela eleição para Prefeito de Porto Alegre, desejando-lhe
sucesso na administração da Cidade e comemorando a realização de mais uma etapa
da democracia brasileira, expressa na última eleição. Também, asseverou que o
Partido Progressista irá colaborar com o próximo Governo Municipal, alegando
que, pela sua experiência como parlamentar, o ex-Senador José Fogaça saberá
dialogar com este Legislativo da forma devida. Em PAUTA, Discussão Preliminar,
estiveram, em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 142,
180 e 181/04, discutidos pelo Vereador João Antonio Dib, o Projeto de Lei
Complementar do Legislativo no 015/04, discutido pelos Vereadores
João Antonio Dib, Guilherme Barbosa, Reginaldo Pujol e Elói Guimarães. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, o Vereador Carlos Pestana referiu-se à possibilidade de
não-realização do Fórum Social Mundial no Município de Porto Alegre, em dois
mil e cinco, manifestando o desejo dos representantes do Partido dos
Trabalhadores de que esse evento permaneça na Cidade. Também, felicitou o
Senhor José Fogaça, por ter sido eleito Prefeito Municipal, analisando os
resultados da eleição e o crescimento do PT em nível nacional. O Vereador
Cláudio Sebenelo reportou-se ao pronunciamento do Vereador Carlos Pestana,
avaliando as causas da derrota do Partido dos Trabalhadores em cidades
importantes do Estado e do País. Sobre o tema, mencionou que, segundo Sua Excelência,
o PT perdeu a credibilidade junto à população, e considerou oportunista a
publicação de Edital de Licitação, às vésperas da eleição, para atender
demandas pendentes do Programa de Orçamento Participativo em Porto Alegre. O
Vereador Raul Carrion noticiou a inauguração da exposição fotográfica “Cuba ao
Cubo”, hoje, às dezenove horas, nesta Casa, debatendo a aprovação do fim do bloqueio
econômico a Cuba, em Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas. Ainda,
parabenizou o Partido Popular Socialista e seus coligados por terem vencido as
eleições municipais de Porto Alegre, comentando as estratégias políticas
adotadas por esses Partidos durante a campanha eleitoral. O Vereador Reginaldo
Pujol referiu-se à realização, em dois mil e cinco, do Fórum Social Mundial no
Município de Porto Alegre, comentando que o governo eleito manterá a próxima
realização desse evento na Cidade. Também, teceu considerações a respeito do
processo de transição do comando da Prefeitura de Porto Alegre, manifestando
seu desejo de que esse processo seja feito com a devida tranqüilidade e
transparência. O Vereador Professor Garcia, alegando haver muitas dúvidas entre
os Vereadores desta Casa, acerca dos prazos para apresentação de Emendas ao Projeto
de Lei do Executivo n° 047/04, que estima a receita e fixa a despesa do município
de Porto Alegre para o exercício financeiro de dois mil e cinco, esclareceu que
no dia cinco de novembro do corrente, às dezesseis horas e trinta minutos esse
prazo encerra-se. Ainda, prestou esclarecimentos sobre os critérios de
avaliação dessas Emendas. A seguir,
constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão
Geral e Votação Nominal, esteve o Projeto de Lei do Executivo nº 009/04, com
Veto Parcial, o qual, após ser discutido pelos Vereadores Carlos Pestana, Beto
Moesch, Reginaldo Pujol, Elói Guimarães, João Antonio Dib, Renato Guimarães,
Raul Carrion, Gerson Almeida, Sofia Cavedon e Luiz Braz, teve sua discussão
suspensa, face à inexistência de quórum. Durante a apreciação do Projeto
de Lei do Executivo nº 009/04, os Vereadores João Carlos Nedel, João Bosco Vaz
e Ervino Besson cederam seus tempos de discussão, respectivamente, aos
Vereadores João Antonio Dib, Sofia Cavedon e Luiz Braz. Na oportunidade, a
Senhora Presidenta registrou as presenças dos Vereadores Cláudio Vitória, do
Partido Democrático Trabalhista, da Câmara Municipal de Capão do Leão – RS;
Pedro Neri Pacheco e Ibanez Portella, respectivamente do Partido Democrático
Trabalhista e do Partido Progressista, da Câmara Municipal de Ibirapuitã – RS;
Sílvio Machado e Ivan Casartelli, respectivamente do Partido dos Trabalhadores
e do Partido Liberal, da Câmara Municipal de Bagé – RS; Loreni Bach, do Partido
Democrático Trabalhista, da Câmara Municipal de Lagoa Bonita do Sul – RS; Ari
Kroth e Adão Trindade, respectivamente do Partido Democrático Trabalhista e do
Partido Progressista, da Câmara Municipal de Dilermando de Aguiar – RS; José
Antonio Carvalho, do Partido Progressista da Câmara Municipal de Santana da Boa
Vista – RS; Luiz Guarienti, do Partido Democrático Trabalhista, da Câmara
Municipal de Lagoão – RS; Jandir Zurauski e Itamar Gaboardi, do Partido do
Movimento Democrático Brasileiro, da Câmara Municipal de Entre Rios do Sul –
RS; e José Hermógenes Filho, do Partido da Social Democracia Brasileira, da
Câmara Municipal de Belo Oriente – MG; que se encontram nesta Casa participando
do Seminário “Comunicação e o Legislativo Municipal”, promovido pela Associação
dos Servidores de Câmaras Municipais do Rio Grande do Sul – ASCAM/RS. Também,
foi votada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, a qual obteve
quatorze votos SIM e dois votos NÃO, em votação nominal solicitada pelo
Vereador João Antonio Dib, tendo votado Sim os Vereadores Beto
Moesch, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Elói Guimarães, Ervino Besson, Gerson
Almeida, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, Luiz Braz, Margarete Moraes, Raul
Carrion, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Valdir Caetano e Não os Vereadores Professor
Garcia e Sofia Cavedon, votação esta declarada nula pela Senhora Presidenta, face à
inexistência de quórum deliberativo. Às dezoito horas e trinta e três minutos,
constatada a inexistência de quórum deliberativo, a Senhora Presidenta declarou
encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela
Vereadora Margarete Moraes e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do
que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente
Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pela
Senhora Presidenta.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Hoje comparece o Padre
Roberto Paz - nosso freqüentador assíduo - o que é uma honra muito grande para
esta Casa, que representa o Grupo de Diálogo Inter-Religioso, que vem falar
sobre os objetivos desse Grupo. Por favor, o senhor queira comparecer à Mesa
ou, se o senhor preferir, pode usar a tribuna.
O
SR. PADRE ROBERTO PAZ: Exma Presidente desta Casa
Cívica, Câmara de Vereadores, Exmo Secretário da Câmara de
Vereadores, Ver. João Carlos Nedel, estou aqui representando um coletivo
chamado Grupo de Diálogo Inter-Religioso. Eu gostaria, porque sou apenas um
porta-voz, que ficassem de pé, para conhecê-los, por favor: o Pastor Carlos
Dreher; o Krishna, do Hinduísmo; o Sr. Jorge Melo, Budismo; o Prof. Cícero,
Espiritismo; nosso conhecido Admad Ali, do Islamismo e a Reverenda Marinez, da
Igreja Episcopal Anglicana.
Na verdade, o diálogo religioso não é
algo da moda ou de mero oportunismo. Já São Francisco, em plena Idade Média,
levava ao Sultão a saudação de paz e bem. Nicolas Decusa, um pouco depois, no
seu livro “Paz na Fé” conclamava aos homens sábios de todas as religiões para
deporem as suas diferenças e buscarem a concordância na fé. Mas foi nos séculos
XIX e XX que se foram aglutinando fóruns, como o Conselho Mundial de Igrejas, o
Parlamento das Religiões, em iniciativa das Religiões Unidas que possibilitaram
tornar aquilo que era a busca dos corações em algo mais institucional e
permanente.
O Grupo de Diálogo Inter-Religioso de
Porto Alegre já conta com sete anos. Essa iniciativa tomou corpo quando os
irmãos muçulmanos nos pediram emprestada a cripta da Catedral para celebrar o
que eles estão celebrando agora, o Ramadã. Certamente nós atendemos a esse
pedido pensando que era a abertura de um relacionamento fraterno com essa
religião. Posteriormente, fizemos um seminário das religiões abraâmicas, ou
seja, aquelas que são filhas de Abraão: o judaísmo, o islamismo e o
cristianismo. Foi com a ajuda da ACM, especialmente voltada, também, para a
celebração do Dia das Mães que esse encontro desses nove grupos, hoje,
representam o diálogo Inter-Religioso na cidade de Porto Alegre.
O diálogo Inter-Religioso não é algo que
está fora das religiões. A própria noção e conceito de religião é a ligação:
ligação com Deus e ligação com as pessoas, com a criação. É um absurdo uma
religião que não dialoga. Mas, mesmo assim, é importante centrarmos naquela
frase de Hans king que dizia: “para
haver paz no mundo nós temos de construir, primeiro, a paz entre as religiões”.
E numa sondagem feita em 1994, na França, constatou-se que de cada 100
conflitos que havia naquele momento, no mundo, 66 tinham causa religiosa. Por
isso, a importância das religiões em abrir pontes, canais.
O nosso grupo pretende também buscar os
elementos comuns. E são tantos os elementos comuns nas verdadeiras religiões,
nas verdadeiras tradições religiosas, por que cultuamos um Deus com nomes
diferentes? Todos buscamos a compaixão e a paz com todas as criaturas. Todos buscamos a integridade do planeta, porque sabemos
que, ou nos salvamos juntos, ou perecemos juntos. Todos buscamos uma ética
mundial para ser aplicada a todos os seres. Nós sabemos que isso requisita de
nós a conversão, requisita a denúncia; que ninguém use ou macule o nome de Deus
para guerra.
O Papa João Paulo II, bem como o Dalai
Lama diziam que não existe guerra santa. Ninguém pode invocar o nome de Deus
para invadir um país; para matar. Por isso, as tradições religiosas são
construtoras, animadoras do diálogo pela paz, pelo desarmamento, pelo
desenvolvimento integral de todo ser humano e de todos os seres humanos.
Concluindo esta minha manifestação,
gostaria de ler a Carta de Princípios, que será distribuída a todos os
interessados; alguns, inclusive, já a tem em mãos. (Lê.): “O Grupo de Diálogo
Inter-Religioso reafirma que o caminho para reverenciar a Deus é respeitar a
vida amando o próximo, aceitando as crenças, as culturas, as etnias e a própria
integridade do planeta.
- Acredita que a unidade é possível,
respeitando-se a diversidade de cada religião, e que a paz é a vocação de todo
o universo.
- Expressa o sentimento de dor e
solidariedade pelas vítimas da violência e do ódio e de compaixão pelos
causadores dessa violência e desse ódio, chamando-os ao arrependimento. Afirma
igualmente ser necessário opor-se ao mal e à injustiça.
- Considera que as grandes mudanças devem
vir do interior de cada pessoa a partir de sua sintonia com a Verdade Última.
- Busca atuar para que seja construída na
Terra uma cultura de paz, tolerância, fraternidade e convívio harmonioso entre
os povos de diferentes costumes e tradições religiosas.
- Defende que o direito de
autoconstituição dos povos em estados livres e soberanos deve ser respeitado.
- Confia na humanidade, na capacidade de
comunhão e de serviço existente em cada ser humano.
- Entende que o ser humano e o meio
ambiente natural estão inter-relacionados e são mutuamente interdependentes.
- Afirma o dever humano de proteger o
meio ambiente natural e ajudar na manutenção do equilíbrio ecológico. E que a
poluição de locais públicos, a poluição do ar, da água, as devastações
ambientais são um crime. Portanto, afirma ser necessário assegurar o uso
responsável dos recursos da natureza, reconhecendo a dignidade de todo o
universo.
- Acredita que um mundo sem violências,
guerras, devastações, poluição e desrespeito é possível através da
conscientização das gerações atuais e futuras. E que ela se dará mais por ações
do que apenas por palavras.
- Compromete-se em manter vivo o
movimento inter-religioso através da unidade de testemunho, entendendo-se
instrumento da paz de Deus no Brasil e no mundo e sendo também um promotor da
Verdade Última.
- Busca sempre reavivar a visão da
unidade para que todos possam vivê-la no tempo presente.
- Conclama a todos à oração pela paz, à
renovação interior e à busca do espírito de reconciliação e de harmonia, diante
das rupturas no mundo atual, onde existem muitas nações quebrantadas, religiões
e famílias divididas”.
Por fim, queremos deixar a nossa benção a
esta Casa e o nosso coração e as nossas mãos para promover qualquer iniciativa
que proceda desta mesma Casa, que tenda a expandir a luta contra a intolerância. A solidariedade, a justiça social e a
crença que todos somos uma família humana reconciliada e que todos somos filhos
de Deus. Obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Convido o Padre
Roberto Paz para compor a Mesa dos trabalhos. O Ver. Luiz Braz está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. LUIZ BRAZ: Vereadora-Presidente, primeiramente, é um
prazer muito grande receber alguém da importância do Padre Roberto Paz aqui em
nossa Casa. Eu sou um admirador dos trabalhos do Padre Roberto Paz tanto dentro
da sua comunidade como também quando ele se propõe a estabelecer diálogos. E
esse diálogo com um grupo Inter-Religioso, acho que, nesta altura dos
acontecimentos, é extremamente importante que venha a acontecer e acontecer com
sucesso, pois, afinal de contas, eu acredito que o homem que já avançou tanto
no terreno da ciência, agora, imagino que deva estar extremamente preocupado
com a alma, com Deus, com aquilo que realmente faz com que nós estejamos aqui e
que, de alguma forma, tenhamos a missão de nos ajudar uns aos outros para que
possamos construir um mundo melhor.
Eu acho que este mundo só vai ser melhor,
quando cada homem descobrir realmente que ele tem a missão de fazer com a sua
ação que este mundo possa ser melhor para todos. Acho que esse Diálogo
Inter-Religioso vai fortalecer esse trabalho para que possamos realmente
construir um amanhã bem melhor do que o hoje que vivemos.
Eu quero cumprimentar o senhor, Padre Roberto, eu confesso
mais uma vez que sou admirador do trabalho que o senhor realiza, e esse
trabalho do Grupo Inter-Religioso, esse Diálogo Inter-Religioso, acho que deve
ser apoiado por esta Casa e por toda a sociedade, porque acredito que assim nós
chegaremos muito mais rapidamente a objetivos melhores. Um grande abraço.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Professor
Garcia está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. PROFESSOR GARCIA: Prezada Presidenta, Verª Margarete
Moraes, prezado Padre Roberto Paz e demais representantes das diversas Igrejas
aqui presentes, primeiramente queremos parabenizar o Grupo de Diálogo Inter-Religioso,
que parte da premissa de que é possível encontrar a paz e reverenciar a Deus.
Isso está muito bem explícito dentro deste documento, quando diz que “seu
objetivo maior é buscar a conciliação e o entendimento e dar o exemplo aos
povos e às diferentes raças e credos de que é possível encontrar a paz através
do respeito, da aceitação das diferenças e do diálogo amoroso”. Ao mesmo tempo,
também, a Carta de Princípios “reafirma que o caminho para reverenciar a Deus é
respeitar a vida amando o próximo, aceitando as crenças, as culturas, as etnias
e a própria integridade do planeta”.
Queremos, então, Padre Roberto, dizer da
nossa alegria, neste mundo onde cada vez mais o individualismo predomina em
relação ao coletivo; quando se busca a paz - que é o que todo mundo quer -, tão
reverenciada, tão decantada, mas que muitas vezes foge das mãos do ser humano
pela sua própria ganância e por não estar dentro desse princípio do respeito,
da aceitação das diferenças e do diálogo amoroso. E o reverenciar a Deus é
exatamente isso: respeitar as diversas culturas e as diversas etnias.
Então, parabéns ao senhor e ao Grupo por
nos trazerem esta mensagem. Parabéns!
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Wilton Araújo
está com a palavra, pelo art. 206 do Regimento.
O
SR. WILTON ARAÚJO: Srª Presidenta, querido Pe. Roberto Paz,
com o qual, de longa data, já tivemos a satisfação de privar. Acemista, desde
muito pequeno, vi nascer essa relação e esse diálogo inter-religioso. Vejo com
grande alegria e satisfação essa iniciativa conjunta desse Grupo. E aqui a
gente sabe que foram aos poucos se aglutinando, e hoje temos todas as religiões
somadas. Cito a nossa grande amiga Profª Alfa, que faz, como representante da
ACM, parte deste Grupo de Diálogo Inter-Religioso. É importante que todos
consigam se entender não só quanto às religiões, mas também através delas. É
muito importante para esta Casa, para esta Cidade, para o mundo, enfim, que
esse diálogo se espalhe e que todos tenham essa consciência e a nitidez de que,
se não houver esse diálogo, se não houver esse entendimento, se não houver esse
objetivo comum, certamente nós não conseguiremos alcançar minimamente aquilo de
que o povo e as pessoas todas necessitam. Por isso acho tão importante e faço,
em nome do PPS, em meu nome e em nome da Verª Clênia Maranhão, a nossa
manifestação, através das palavras escritas na Carta de Princípios - e nós
concordamos -, com o que dizem (Lê.): “Conclama a todos à oração pela paz, à
renovação interior e à busca do espírito de reconciliação e de harmonia, diante
das rupturas no mundo atual, onde existem muitas nações quebrantadas, religiões
e famílias divididas”.
Obrigado, Pe. Roberto, obrigado a esse
Grupo que está desenvolvendo essa tarefa. E a Casa deve acolhê-los e, a partir
de agora, trabalhar também em cima desse assunto, que é tão importante. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Ervino Besson
está com a palavra, pelo art. 206 do Regimento.
O
SR. ERVINO BESSON: Minha cara Presidenta, Verª Margarete
Moraes, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, nosso querido amigo,
irmão, Pe. Roberto Paz, ao saudá-lo, em nome da Bancada do PDT, em meu nome e
em nome do Ver. Nereu, do Ver. Bosco, do Ver. Goulart, do Ver. Isaac, nós
queremos estender essa saudação muito especial, muito carinhosa a todo o Grupo
de Diálogo Inter-Religioso. Acho que hoje é um dia marcante para esta Casa. O
senhor traz este folder, com treze
itens, que fala na Carta de
Princípios. Acho que só respeitando esses treze itens, sem dúvida nenhuma, nós
teremos uma sociedade melhor, uma vida melhor, uma respeitabilidade melhor,
para que a nossa humanidade siga um caminho de respeito entre os povos, entre
as religiões, entre todas as etnias.
Portanto, Pe. Roberto, queremos agradecer
a sua presença aqui. Isso é algo importante para esta Casa, que possui 33
Vereadores, os quais, sem dúvida nenhuma, devem ler esses treze itens. Isso é
um alerta para que nós sigamos o que está escrito aqui. Com isso teremos um
aprendizado muito bom para que cada um defenda o seu mandato com dignidade, com
honradez, para o bem da nossa querida Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço as palavras
do Ver. Ervino Besson. O Ver. Elói Guimarães, Vice-Presidente desta Casa, está
com a palavra,nos termos do art. 206 do Regimento Interno.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes;
Padre Roberto Paz, representante do Grupo de Diálogo Inter-Religioso; quero
dizer, inicialmente, que temos tido alguns encontros com o Padre Roberto Paz.
Nós, grupo de Vereadores católicos, temos, em diferentes momentos, travado
alguns debates.
Eu considero o Padre Roberto Paz um
pensador da Igreja Católica, um filósofo, um homem que tem aprofundado o
pensamento nessas questões ligadas à religião Católica. Mas é extremamente
importante este Grupo de Diálogo, primeiramente devido à importância das
religiões, o papel que elas têm na busca do entendimento entre irmãos.
Por outro lado, Presidenta, há uma frase
no prólogo da Carta que tem grande profundidade (Lê.): “...da aceitação das
diferenças”. Aqui se assenta um princípio de profunda religiosidade, um
princípio que alicerça e fundamenta a própria democracia, vista do campo religioso,
a aceitação das diferenças. Porque, na realidade, como já havia dito o Padre
Roberto, o Deus é o mesmo, as formas de concebê-lo é que podem ser diferentes.
Então, na medida em que as religiões começam a dialogar, a sociedade,
inquestionavelmente, muito vai ganhar em busca da paz, da harmonia, da
liberdade, da igualdade, da fraternidade. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Sebastião Melo
está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento Interno.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes;
eminente Padre Roberto Paz, receba a nossa saudação calorosa em nome da nossa
Bancada. Nós queremos dizer, Padre, que o nosso mundo atravessa muitas crises,
historicamente, mas há uma crise que, na nossa avaliação, supera todas as
outras, que é a falta de solidariedade humana. Nós vivemos em uma sociedade
egoísta, individualista, em que valores de vida como a família, as relações
humanas, têm sido deixados de lado. O senhor coloca, da tribuna desta Casa, com
muita propriedade - e o que justifica a caminhada não são os discursos, são as
práticas -, que todas as religiões têm um objetivo comum, que é a busca da
afirmação do ser humano, a busca da vida.
Nós queremos cumprimentá-lo por essa
caminhada, e esta Casa quer não só parabenizá-lo, mas dizer que queremos
estreitar as relações. Esta Casa é uma casa política em que está representada a
Cidade no seu conjunto. E as suas palavras confortam e trazem um momento de paz
muito grande que esta Casa precisa ter em todos os momentos, porque decide
sobre coisas que dizem respeito ao povo, aos interesses coletivos.
O nosso abraço, em meu nome e no do
Vereador Haroldo, em nome da nossa Bancada, a do PMDB, o nosso abraço muito
fraterno. A caminhada da paz, da luta pela vida, não tem fronteiras; portanto o
que o senhor está fazendo aqui é muito importante para o mundo, para o Rio
Grande do Sul, para o País e para a nossa Cidade. Os nossos cumprimentos, os
nossos parabéns!
(Não revisto pelo
orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento Interno.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Verª Presidente, Margarete Moraes;
ilustre Padre Roberto Paz, que nos dá o prazer da sua presença, do seu
comparecimento, eu quero, em nome do PFL, me somar aos demais Partidos que já
se manifestaram, pelo motivo fundamental da sua vinda até nós, como
representante do Grupo de Diálogo Inter-Religioso, que abrange o Centro
Cultural Islâmico, a nossa Associação Cristã de Moços de Porto Alegre, a
Associação Zen Budista, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a
própria Igreja Católica Romana, os Cultos Africanos, a Sociedade Israelita
Brasileira, a Igreja Episcopal Anglicana no Brasil, a Sociedade da Vida Divina
- que é o Hinduísmo, e o Espiritismo Kardecista, num movimento de diálogo, que
é muito bem definido na expressão inter-reliogioso, que busca acentuar a
necessidade de o mundo vivenciar mais a solidariedade total, que, ao final e ao
cabo, é preconizado pelas mais diversas religiões, especialmente aquelas que
estão envolvendo-se ecumenicamente nesses propósitos tão bem definidos pelo
diálogo.
Por isso eu subscrevo, por inteiro, as
colocações que já ocorreram, e acrescento que é exatamente nessa disposição de entendimento
que as Igrejas dão um grande exemplo para os seus fiéis. Se as Igrejas são
capazes de se entenderem, e o fazem, às vezes superando abismos aparentes que o
diálogo supera, por que os fiéis não podem fazer as mesmas coisas e darem as
mãos entre si, e, em conjunto, trabalharem, produzirem, construírem, uma
sociedade mais fraterna, mais cristã, mais humanitária, e, sobretudo, mais
solidária entre si?
Venha sempre dialogar conosco nesses
termos, porque isso só nos gratifica. Seja bem-vindo!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. BETO MOESCH: Padre Roberto Paz, nosso conhecido, nosso
comandante espiritual do Movimento dos Vereadores Católicos, que hoje se
apresenta aqui. A Câmara de Vereadores já conhece o Grupo de Diálogo
Inter-Religioso. Para nós que vivemos, ou tentamos, lutamos para viver num
mundo de ecumenismo, esse Grupo vem mostrar que isso é possível, não só em
Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul e no Brasil, mas no mundo todo.
O senhor mostrou muito bem que um dos
principais conflitos do mundo, hoje, tem a ver com as etnias e com os conflitos
religiosos, o que é um absurdo! Volto a insistir: vocês estão mostrando que é
possível convivermos em harmonia, aliás, que o mundo só pode viver dessa
maneira. Nós realizamos aqui na Câmara a Semana do Meio Ambiente e destacamos,
naquela semana, esse diálogo inter-religioso que vocês já trazem aqui e,
portanto, os Vereadores e funcionários já conhecem esse trabalho extraordinário
arquitetado e montado na ACM – Associação Cristã de Moços.
Gostaria apenas de destacar, Padre
Roberto Paz, justamente a Carta de Princípios (Lê.): “Reafirmo que o caminho
para reverenciar a Deus é respeitar a vida amando o próximo” – é o que nós
buscamos fazer aqui também para a cidade de Porto Alegre - “aceitando as
crenças, as culturas, as etnias e a própria integridade do planeta. Acredita
que a unidade é possível, respeitando-se a diversidade de cada religião, e que
a paz é a vocação de todo o universo. Considera que as grandes mudanças devem
vir do interior de cada pessoa”.
Portanto, nós temos de nos inspirar nos
princípios, nas doutrinas de todas essas religiões, que têm como de fundamental
importância o amor ao próximo, à natureza e a Deus. Portanto, apenas com o
ecumenismo e justamente na unidade do respeito entre as ideologias, entre os
Partidos e dos vários segmentos da sociedade é que nós poderemos ter uma Cidade
eminentemente humana e com justiça social. Parabéns.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Verª Maria Celeste
está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
A
SRA. MARIA CELESTE: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes,
Padre Roberto Paz, com muita alegria o recebemos nesta Casa, hoje, quando vem
trazer algo extremamente importante para todas as nossas Bancadas, para todos
nós, Vereadores: o Diálogo Inter-Religioso. Podemos comprovar na prática - o
Ver. Beto Moesch já falava disso – quando, em várias manifestações aqui na
Casa, em vários atos simbólicos, nós reunimos os dirigentes das principais
religiões da cidade de Porto Alegre, trabalhando já esse diálogo pela paz, pela
unidade, pela fraternidade. Também, na prática, comprovamos a efetividade desse
Grupo, que já vem-se reunindo e vem trabalhando esse diálogo inter-religioso,
quando, na assessoria, no acompanhamento, na parceria de vários projetos que
temos na Prefeitura de Porto Alegre, na questão das políticas sociais, em que a
presença desse Grupo foi fundamental para que efetivamente se buscasse uma
cultura de paz, de tolerância, de fraternidade nas nossas comunidades.
Portanto, eu quero aqui ressaltar, cada
vez mais, o princípio que diz aqui: “Busca atuar para que seja construída na terra
uma cultura de paz, tolerância, fraternidade e um convívio harmonioso entre os
povos de diferentes costumes e tradições religiosas”. E esse Grupo vem
comprovando isso, vem realizando isso na prática, numa parceria muito grande na
questão da política social aqui no Município de Porto Alegre. A nossa Bancada,
a do Partido dos Trabalhadores, continua sendo parceira e colaboradora desse
Projeto, e agora muito mais do que antes, porque nós acreditamos que só uma
cultura de paz e só um diálogo inter-religioso pode fundamentalmente construir
e buscar uma sociedade mais justa, mais igualitária e mais fraterna para todos
nós. Muito obrigada pela sua presença.
(Não revisto pela oradora.)
A
SRA. PRESIDENTE (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion
está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. RAUL CARRION: Em primeiro lugar, a nossa saudação ao
Padre Roberto Paz, em nome de quem saudamos todo o Grupo de Diálogo
Inter-Religioso aqui presente. Realmente, a intolerância religiosa levou, em
outras épocas, à inquisição, às guerras santas, em suma, a uma série de crimes,
inclusive, eu diria, contra a humanidade. Felizmente, hoje a humanidade dá
passos para outro rumo, ainda que, muitas vezes, retornem os fantasmas sob
novas roupagens, com o chamado choque de civilizações, que tem sido utilizado
para agressões, principalmente aos povos do Oriente Médio.
Queríamos dizer que é possível - e o
Grupo que V. Sa. coordena mostra a possibilidade dessa convivência entre as
diversas religiões - a tolerância religiosa e essa prática de paz.
O PCdoB orgulha-se de, na Constituinte de 1946, ter inscrito
na nova Constituição a plena liberdade religiosa, o reconhecimento a todas as
religiões, a inexistência de uma que fosse oficial e outras não-oficiais,
porque é exatamente nesse espírito que o Grupo Inter-Religioso trabalha.
Parabéns! Sucesso, e continue essa caminhada que tem a
solidariedade do PCdoB.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Margarete Moraes): Em nome dos Vereadores e Vereadoras desta Casa, agradeço
pela presença e cumprimento a iniciativa do Padre Roberto Paz, e os demais
representantes das religiões afro-brasileira, judaica, islâmica, hinduísta,
budista e cristãs. Sejam sempre bem-vindos à Câmara Municipal de Porto Alegre.
Parabenizo-os pela pluralidade de suas idéias, pela tolerância, pelo respeito
mútuo às convicções e às crenças mais íntimas de cada pessoa, sobretudo por
trazer a esta Casa, neste dia, uma pauta ecumênica. Muito obrigada; sejam
sempre bem-vindos todos vocês, e esta Casa está à disposição da ACM para esse
objetivo. Obrigada.
Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se os
trabalhos às 14h41min.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes – às 14h44min):
Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.
Apregoamos as Emendas de nº 21 a 28 ao
PLE nº 047/04, que estima a Receita e fixa a Despesa da Administração Direta do
Município para o Exercício Econômico-Financeiro de 2005, todas assinadas pelo
Ver. Dr. Goulart.
Passamos à
(06
oradores/10 minutos/com aparte)
6.ª
SESSÃO
PROC. N.º 4837/04 - PROJETO DE LEI DO
EXECUTIVO N.º 047/04, que estima a
Receita e fixa a Despesa do Município de Porto Alegre para o exercício
financeiro de 2005.
Com Emendas n.ºs 01 a 20.
A SRA. PRESIDENTE
(Margarete Moraes): A Verª Clênia Maranhão está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
A
SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, porto-alegrenses que acompanham o nosso trabalho. Em nome da
Bancada do PPS – em meu nome e do Ver. Wilton Araújo – queremos saudar o
conjunto da população porto-alegrense, que viveu, nesses últimos dias, um
debate político extremamente democrático, rico e esclarecedor, no processo
eleitoral do 2º turno.
Nós vencemos as eleições para a
Prefeitura de Porto Alegre e queremos registrar, neste primeiro momento da
intervenção que fazemos após o pleito, as teses que defendemos no processo das
eleições. Saudando a todas as Vereadoras e Vereadores, queremos, parabenizando
o povo de Porto Alegre, nos pronunciar a respeito de uma notícia que ocupou a
imprensa gaúcha e, provavelmente, a imprensa brasileira, por intermédio de uma
declaração do Emir Sader, um dos membros da Comissão Organizadora do Fórum
Social Mundial. Na nossa avaliação, uma declaração infeliz do Emir Sader,
sociólogo, que vai hoje à imprensa expressar a sua posição no sentido de que o
Fórum Social Mundial deveria ser retirado de Porto Alegre. Nós achamos que essa
posição rancorosa e revanchista não é condizente, inclusive, com os preceitos
defendidos pelas instituições, pelas entidades que conformaram a construção do
Fórum Social Mundial.
Eu participei do Fórum Social Mundial,
desde o primeiro evento. Nós vivenciamos a maravilhosa explosão de idéias
advindas das oficinas, dos seminários que se sucederam ao longo dos anos em que
o Fórum aconteceu em Porto Alegre. Aconteceu em Porto Alegre por um apoio do
atual Governo da Prefeitura Municipal, mas aconteceu em Porto Alegre pela
característica desta Cidade: uma Cidade constituída por uma enorme pluralidade,
por uma enorme diversidade étnica, religiosa, cultural, política. E o Fórum foi
realizado num momento importante de divulgação das belezas naturais, das
belezas históricas do patrimônio político-democrático construído pela população
da nossa Cidade.
Uma defesa de uma posição dessa de um dos
membros da Comissão de tentar fazer uma revanche contra a população de Porto
Alegre não é uma atitude que deva passar ao largo desta Casa.
A Câmara Municipal de Porto Alegre,
inclusive, no período do Fórum, abre todas as suas portas, as salas deste
Legislativo são ocupadas por inúmeros grupos que aqui debatem. Eu, por exemplo,
coordenei uma oficina no Fórum Social anterior sobre a questão das mulheres, em
que participaram lideranças de vários lugares do mundo. Todos nós, as instituições
públicas, as instituições privadas, enfim, a Cidade se movimenta, participa,
contribui e se faz presente no Fórum Social Mundial.
Portanto, para encerrar, Srª Presidenta,
em nome da Bancada do PPS, comunicamos a todas as senhoras e senhores Vereadores
que estamos encaminhando um Requerimento à Presidência desta Casa, para que ela
submeta esse Requerimento, que seja votado por todos os Vereadores presentes,
para que se posicionem favoravelmente - se assim a maioria dos Vereadores
decidir - à manutenção do Fórum Social Mundial aqui na nossa Cidade, e que a
aprovação desse Requerimento possa ser encaminhada à Coordenação do Fórum
Social Mundial para manter esse evento em Porto Alegre, na medida em que,
evidentemente, corresponda a uma vontade da maioria do povo de Porto Alegre.
(Não revisto pela oradora.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, minhas senhoras, meus senhores, antes de mais
nada, eu devo saudar o retorno da Bancada da Frente Popular a este Plenário, o
que permite que nós, ainda que tardiamente, concluamos a discussão em pauta do
Orçamento da Prefeitura para o próximo ano.
O
Sr. Raul Carrion: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Dib, eu queria reforçar a sua saudação, e gostaria também de
saudar o retorno da Bancada da oposição, que se faz presente em bom número
hoje, aqui, garantindo, independente da situação, o quórum para o funcionamento
da Sessão. Muito obrigado.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Agradeço o inteligente aparte de V. Exª,
lembrando-me que eu não queria falar, mas falo agora, no sentido de que, na
semana que passou, na última Sessão, V. Exª reclamava com relação à presença
dos Vereadores; a oposição tinha oito Vereadores no plenário, a situação só
tinha V. Exª, os outros 13 tinham desaparecido para fazer campanha. Mas, de
qualquer forma, o aparte de V. Exª, sem dúvida nenhuma, abrilhantou o pobre
pronunciamento deste Vereador.
Eu também vou falar no Fórum Social
Mundial. Jornal Zero Hora, primeira página: (Lê.) “Derrota do PT leva Fórum
Social a discutir saída de Porto Alegre já em 2005”. E não me digam que eu não
estou falando na Pauta, porque eu estou. Há verba para a continuidade da
implantação das obras e de todos os serviços que precisam ser feitos para que
esse evento ocorra em Porto Alegre. No gabinete do Prefeito existe verba, na
SMIC existe verba, e essa verba também havia neste ano e o dinheiro foi
aplicado. O Prefeito João Verle é um homem absolutamente sério, eu tenho plena
confiança nele; ele não vai permitir que a cidade de Porto Alegre seja
comandada pela CUT, pelo MST, pela UNE, pela Cáritas do Brasil. Porto Alegre é
um pouco maior do que tudo isto somado; Porto Alegre não vai querer que o
Prefeito João Verle, que é um homem do Tribunal de Contas, chegue num momento -
já que as despesas foram feitas, realizadas e pagas -, como ordenador maior da
despesa - ainda porque há verba no seu gabinete -, a ter de devolver esse
dinheiro para a Cidade. Mas é claro que isso é uma possibilidade absolutamente
inexistente. O Prefeito João Verle ama esta Cidade e não permitirá que forças
estranhas levem para fora de Porto Alegre o Fórum Social só porque o PT perdeu
a eleição. Será que o PT não respeita aqueles pouco mais de 40% de eleitores
que apoiaram o Sr. Raul Pont?
Mas eu não estou discutindo eleição,
estou deixando claro que há verbas para o Fórum Social Mundial no ano de 2004 e
no ano de 2005; as de 2004 foram gastas, as de 2005 estão no Orçamento para,
depois desta discussão final de hoje, irem para a Comissão de Finanças e serem
examinadas.
E por falar em 2005, falei com o
Presidente da Comissão de Finanças, e eu acho que o Prefeito eleito, José
Fogaça, poderá, se assim entender, apresentar alterações na Comissão de
Finanças para que possa adaptar à sua forma de governar o Orçamento para 2005.
Isso é uma coisa que o Plenário todo há de entender, e eu não tenho dúvida
nenhuma.
Nós temos falado, com alguma freqüência,
dos problemas da Saúde desta Cidade. Não se sabe claramente quanto é que o
Município destina para a Saúde, para o próximo ano.
Eu ouço e leio que Porto Alegre aplicou
18% do seu Orçamento na Saúde, o que seria de 270 milhões a 300 milhões de
reais. Eu nunca vi esse dinheiro na Saúde, mas vejo que para o próximo ano as
coisas não estão tão claras. Vejo também que a projeção de receita do SUS
diminui. Agora, hoje todos os Srs. Vereadores receberam o espelho e puderam
observar que chegaram 62 milhões e 200 mil reais para o SUS. E para que não
tenham dúvidas, eu solicitei à Diretoria Legislativa que me fornecesse os
documentos para verificar como é que se processa essa situação.
Tenho em mãos uma ordem bancária, cujo
beneficiário é a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, para o pagamento do
programa de Gestão Plena de Sistema Municipal - Média Complexidade, de
competência do mês de julho, no valor de R$ 30.716.166,97, data da OB de
03-08-2004. Mas o mais importante é o que diz o Ministério da Saúde nesse
documento: (Lê.) “A transparência na divulgação das ações é uma de nossas
premissas”. E eu tenho perguntado: em 2003, o Ministério da Saúde encaminhou
para a Prefeitura de Porto Alegre, em ordens bancárias como essa, 427 milhões
de reais, e o balanço da Prefeitura registra apenas 251 milhões de reais.
Eu já disse, também, que não estou
fazendo denúncias, não estou dizendo que praticaram desonestidade, só quero
saber como foi aplicado esse dinheiro. Onde está esse dinheiro? Porque a Saúde
em Porto Alegre é muito mal-gerenciada.
Tenho em mãos outra ordem bancária - hoje
resolvi trazer esses documentos, porque de repente podem achar que não é - no
valor de R$ 30.916.244,28, o beneficiário é a Prefeitura Municipal de Porto
Alegre, para pagamento do programa de Gestão Plena de Sistema Municipal - Média
Complexidade, competência do mês de setembro, data da OB de 21-09-2004.
Portanto, a cada valor desses que é mostrado no espelho, existe um documento
que eu não inventei, mas que eu relacionei e cheguei aos 427 milhões de reais
para que a Prefeitura aplicasse na Saúde, muito mal-gerenciada em Porto Alegre.
Circula para a Saúde em Porto Alegre mais
de um bilhão e meio de reais, e o Ver. João Motta não me manda, de jeito
nenhum, o Relatório do ano passado, do Grupo Hospitalar Conceição. O Ver.
Aldacir Oliboni, há 15 dias, me disse: “Amanhã o senhor receberá”. Estou
esperando! O Ver. Gerson Almeida fez uma análise do Relatório e colocou à
disposição dos Vereadores; os Vereadores mereciam uma cópia.
Mas, de qualquer forma, eu não posso
encerrar o meu pronunciamento, já que na verba da Secretaria do Governo também
está a Guarda Municipal. Eu quero saudar a Guarda Municipal que hoje completa
112 anos, e o Prefeito faz uma homenagem muito grande.
Há dois anos, a nossa Verª Helena Bonumá,
então Secretária de Segurança, comemorou os 110 anos da Guarda Municipal. E o
candidato Raul Pont, na sua propaganda eleitoral, dizia que criou a Guarda
Municipal. É difícil de entender.
(Sinalizam, com o dedo, que não.) Não me
façam sinal com o dedo, porque ninguém me contou, eu assisti na televisão duas
vezes. Criou a Guarda Municipal, que hoje está fazendo 112 anos. Saúde e PAZ!
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Professor
Garcia está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O
SR. PROFESSOR GARCIA: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, o Ver. João Dib, hoje, falou a respeito da
Comissão, que estaria disponível ao novo Governo, recém-eleito, disponibilizar
a questão de emendas. Eu quero dizer que a Comissão está aberta, e o que nós
não podemos é fugir de determinados princípios, ou seja, toda e qualquer Emenda
que estiver vinculada ao Plano Plurianual e à Lei de Diretrizes Orçamentárias
deste ano para o próximo ano, poderá ser feita de forma tranqüila. É importante
salientar que o Orçamento para o próximo ano está vinculado ao Orçamento do
Plano Plurianual, que foi executado e planejado no ano 2001, com uma previsão
até 2005. Como, a exemplo do próximo ano, nós vamos efetuar o Orçamento do
Plano Plurianual de 2005 para 2008. Então, é importante que a população entenda
– os Vereadores já sabem – de que forma isso é construído. O que acontece, por
exemplo, é que o governo que é empossado sempre vai trabalhar em cima do
Orçamento montado no ano anterior.
Nós queremos fazer alguns exercícios, já
que o assunto, neste momento, em Porto Alegre e no Estado, e também foi motivo
da primeira fala da Verª Clênia Maranhão em Comunicação de Líder - Vereadora do
Partido que ganhou a eleição; nós queremos contribuir com algumas coisas que
acho importante. Primeiro, no Orçamento está previsto, na verba de Gabinete do
Prefeito, dois milhões de reais destinados ao Fórum Social Mundial. Isso eu
acho que vai ficar, vai ser mantido por conta dos Vereadores. Esse é um fato
que é importante a população saber. Em segundo, queremos colocar que o Fórum
não é da Prefeitura de Porto Alegre, como não é do Governo do Estado; há um
comitê que decide, e particularmente este Vereador do Partido Socialista
Brasileiro vai lastimar muito se o Fórum não for realizado em Porto Alegre.
Quero, já, deixar de público esta minha manifestação, como também quero dizer
que este Vereador vai votar sim pela manutenção dos dois milhões de reais, a
critério do novo Prefeito, para disponibilizar – e essa fala eu ouvi em todas
as manifestações durante os debates – à manutenção do Fórum Social Mundial.
Então, o novo Prefeito já vai saber, de antemão, que estarão disponíveis dois
milhões de reais para aplicação no Fórum Social Mundial.
Também queremos lembrar que no Orçamento
de Porto Alegre, Orçamento esse previsto em dois bilhões, 185 milhões, estão
comprometidos 23% para obras sociais, saneamento básico, obras como, por
exemplo, a Entrada da Cidade, com construções de habitações.
Queremos também fazer alguns exercícios
interessantes. Muito se fala, por exemplo, na 3ª Perimetral, uma obra tão
decantada, e, sem sombra de dúvida, a maior obra desta Legislatura, mas é
importante também salientar – e foi muito discutido isso – que essas obras que
caracterizaram a 3ª Perimetral são obras cujos recursos não são oriundos
exclusivamente do Município de Porto Alegre; são contraídos de empréstimos
internacionais.
Queremos dizer que Porto Alegre é uma das
cidades que têm um poder muito grande de contrair dívidas, porque é uma das
poucas cidades do nosso País que, na sua organização financeira, já demonstrou
que tem condições, sim, de contrair dívidas, porque Porto Alegre tem
credibilidade. É importante também aquelas pessoas entenderem que, por exemplo,
como o Orçamento de Porto Alegre para o próximo ano é de dois bilhões e 185
milhões, é possível o Município contrair dívidas de até uma vez e meia o seu
Orçamento, ou seja, Porto Alegre poderia, se fosse o caso, contrair dívidas
chegando a um patamar de três bilhões de reais. Hoje, Porto Alegre tem uma
dívida de 400 milhões, é uma dívida que nós podemos considerar significativa,
mas muito pequena para aquilo que Porto Alegre poderia contrair, até porque
esses 400 milhões serão pagos em vinte anos, praticamente, mostrando que Porto
Alegre tem capacidade de novos investimentos, que Porto Alegre tem condições de
investir e quer investir, só depende de vontade política para isso.
Então, muitas vezes, também se diz: “Mas
Porto Alegre não consegue fazer isso”. Mas como que não? Olhem o que foi feito,
por exemplo, com essa questão da obra da 3ª Perimetral - e eu vejo aqui o Ver.
Guilherme Barbosa, que foi o Secretário Municipal de Obras e Viação,
responsável em grande parte pela execução da obra, vamos dizer assim, Vereador,
temos de ter cuidado, porque já apareceram vários que fizeram a 3ª Perimetral.
A 3ª Perimetral é realmente uma obra de todos, mas V. Exª, como foi Secretário,
teve a felicidade de ser o gestor nessa parte que foi feita. Mas eu quero dizer
que 400 milhões para quem pode contrair Três bilhões, na realidade, hoje, Porto
Alegre tem um débito de 20% da sua capacidade, ou seja, existe possibilidade
real e concreta de novos e grandes investimentos para a nossa Cidade.
Também queremos fazer um retrato daquilo
que se tem falado nos últimos tempos em relação à folha de pagamento,
comprometimento, e à Lei de Responsabilidade Fiscal. Ora, por legislação
federal, a cada quatro meses, é obrigação do Governo Municipal apresentar os
seus balanços, e a Câmara Municipal tem de fazer uma audiência. Nós fizemos uma
audiência no mês de junho e, agora, no início do mês de outubro, fizemos a
segunda audiência relativa ao segundo quadrimestre, referente aos meses de maio
a setembro. O que é que nós configuramos? Que o limite prudencial que o Governo
estava gastando, de 52,3% com a folha de pagamento, no segundo quadrimestre ele
gastou 52,1%. E eu já disse aqui, em outra oportunidade, que, provavelmente, no
próximo quadrimestre, o Governo já estará fora do limite prudencial. E, como já
está prevendo 3,08% de aumento, isso sinaliza que o próximo gestor tem todas as
condições de trabalhar em cima da bimestralidade. Então, esse detalhe é
importante para que esse Orçamento tenha transparência.
Só para finalizar, nós gostaríamos de
colocar a nossa posição, em nome do Partido Socialista Brasileiro, de que
gostaríamos, sim, que o Fórum Social Mundial permanecesse em Porto Alegre, bem
como queremos fazer essa ressalva importante de que já há previsão no
Orçamento. Ou seja, o próximo gestor, o próximo Prefeito de Porto Alegre terá
um Orçamento de dois milhões de reais para usar, exclusivamente, com a rubrica
Fórum Social Mundial. Muito obrigado, Srª Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Guilherme
Barbosa está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes,
colegas Vereadoras, colegas Vereadores e demais pessoas que nos acompanham, eu
também venho à tribuna para discutir esse importante Projeto do Orçamento da
Cidade para 2005, bem como abordar, hoje, principalmente, o tema ligado ao
investimento viário na nossa Cidade, ao investimento em obras viárias e outras
obras importantes na nossa Cidade.
Mas, antes, eu quero também abordar o
tema Fórum Social Mundial, em 2005, já que alguns Vereadores abordaram esse
assunto. E quero comunicar à Casa e à Cidade que, tanto o Prefeito João Verle,
quanto o Deputado Raul Pont, dirigiram-se, hoje, à Coordenação desse importante
evento mundial que está para acontecer em janeiro na nossa Cidade, solicitando
à Coordenação do evento a permanência do Fórum, em janeiro, em Porto Alegre.
Com relação aos outros anos, é uma discussão posterior. Mas que, pelo menos no
ano de 2005, esse evento permaneça em Porto Alegre.
Eu quero esclarecer, também, porque a
fala do Ver. João Dib vai em outra direção, que as questões do Fórum, Ver. João
Dib, não são decididas nem pela Prefeitura, nem pelo Governo do Estado, nem
pelo Partido dos Trabalhadores. O Fórum tem uma coordenação que é composta por
entidades nacionais e internacionais. Veio para a nossa Cidade pelo apoio, sim,
da Prefeitura, pela forma como nós trabalhamos e assim por diante, mas a
decisão não tem nada a ver com o nosso Partido; tem a ver com a visão de mundo,
com a visão diferente daquela que temos hoje internacionalmente.
O
Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Guilherme Barbosa, ouço V. Exª com muita atenção. Até
hoje o PT dizia que o Fórum era uma realização da Prefeitura...
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Nunca disse!
O
Sr. João Antonio Dib: Então, está tudo equivocado!
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Nunca disse!
O
Sr. João Antonio Dib: Mas eu tenho certeza de que o Prefeito
João Verle há de fazer todo o esforço para que nada disso ocorra.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Já está fazendo! Vossa Excelência ouviu o
que quis ouvir, já que nós nunca dissemos isso, porque nunca foi iniciativa da
Prefeitura nem do Governo do Estado. Teve, sim, o apoio forte e entusiasmado da
nossa Prefeitura, porque o Fórum, as pessoas, essas entidades que o organizam,
têm a ver com o que nós pensamos do mundo. Essa é a questão! É uma vitória da
Cidade, mas quem realmente o trouxe para cá foi a nossa Prefeitura e,
anteriormente, o nosso Governo estadual.
Feito isso, eu quero abordar essas
questões ligadas à nossa SMOV. Vejo aqui, Ver. João Dib - V. Exª também foi
Secretário de Obras -, que há uma previsão muito importante de investimento em
obras viárias e outros tipos de obras em nossa Cidade, havendo o montante de 65
milhões e 786 mil reais para serem investidos através da nossa Secretaria de
Obras.
O primeiro item a destacar é o item
“pavimentação comunitária”, em que nós vemos disponíveis 16 milhões de reais; e
também “pavimentação de estradas”, que é uma pavimentação um pouco mais
simples, na medida em que normalmente não se faz a drenagem com a rede de
canalização nem meio-fio, já que é uma estrada e tem um conceito diferenciado.
De qualquer forma, nós vamos ter 16 milhões e 800 mil reais para fazer uma
pavimentação na periferia de nossa Cidade. Hoje nós temos um custo médio, por
quilômetro, de cerca de um milhão de reais. Portanto, há a previsão de que se
avance na nossa Cidade mais 16 quilômetros; 16 mil metros de pavimentação na
periferia dos nossos bairros, nas nossas vilas, sempre lembrando que a nossa
pavimentação comunitária prevê, com exceção da estrada - deixando isso claro -,
mas quando é em ruas, dentro das comunidades, sempre prevê, a rede do pluvial,
por óbvio, boca-de-lobo, meio-fio e assim por diante, o que qualifica muito as
comunidades - qualifica muito as comunidades -, dando um conforto maior a elas,
terminando com o barro, com a poeira, com a possibilidade do alagamento,
significando também para a comunidade, além da organização urbana nesses
bairros, nessas vilas, mais saúde para a comunidade, na medida em que, mesmo
que ainda não se tenha a rede do esgoto cloacal, a rede do DMAE, nós já vamos
ter uma rede que vai coletar o esgoto cloacal das casas, dando, portanto, um
salto de qualificação tremendo nas vilas e nos bairros da nossa Cidade.
Portanto, é um ponto de muito destaque,
prevendo, então, cerca de 16 quilômetros de pavimentação, 16 mil metros mais –
repito – de pavimentação em algumas estradas.
Depois temos a alocação de 5 milhões de
reais para a continuação da construção do Complexo Cultural do Porto Seco.
Sabem os Srs. Vereadores que fizemos uma primeira etapa - eu ainda era o
Secretário, com muita honra -, que nos permitiu já fazer o carnaval de 2004 lá
no Porto Seco, um carnaval que funcionou muito bem, e a SMOV está, neste
momento, construindo – se não estou enganado – 10 barracões para que as escolas
tenham um local adequado, projetado para tal, para a confecção dos seus carros
alegóricos. Cada um dos barracões tem a medida, em planta, de 25 metros por 50
metros de profundidade, além de 11 metros de altura, o que vai permitir a
confecção dos carros alegóricos com 10 metros de altura, também dando uma
possibilidade de pulo de qualidade no nosso carnaval, com as alegorias muito
mais bonitas, maiores e mais qualificadas. É outra possibilidade que eu espero,
firmemente, que o Prefeito eleito e sua equipe não parem, porque é uma decisão
importante que se construiu.
A Cidade hoje tem um endereço para o
carnaval; não era o local que nós queríamos inicialmente, mas depois que foi
decidido, nós decidimos também construir um complexo cultural altamente
qualificado. A existência dos barracões ao lado da Pista significa o
ineditismo, Ver. Luiz Braz, em todas as pistas de eventos ou sambódromos no
País. Não existe nem no Rio, nem em São Paulo, nem em Florianópolis. É uma
novidade que traz um conforto muito grande às escolas, e proporciona uma forma
muito segura de proceder aos desfiles das escolas no dia do evento. Tanto assim
que já nesse carnaval não houve nenhum carro que tivesse estragado. Quando
houve o desfile das escolas vencedoras, todos os carros alegóricos desfilaram -
que também foi uma situação que nunca tinha havido no carnaval de Porto Alegre,
porque, depois do desfile, os carros ficavam “atirados” no Parque da Harmonia
e, quando se voltava, uma semana depois, a metade deles já estava depredada.
Então, com essa forma de operacionalizar o carnaval, nós tivemos todos os
carros desfilando no dia do desfile, e, depois disso, todos os carros das
escolas vencedoras também desfilando.
Portanto, queremos que haja continuidade
na construção dos barracões, Ver. Pujol, no ano que vem, finalizando os quinze
barracões, como está no projeto.
Quero destacar, no Orçamento da SMOV, 23
milhões, 153 mil reais para obras do Projeto Integrado Entrada da Cidade, que
se costuma chamar de PIEC; porque, além da construção das 3 mil moradias
populares - que é o centro do Projeto do PIEC e que atingirá, portanto, de 12 a
15 mil pessoas, qualificando a vida das pessoas -, nós teremos também o
alargamento, a continuação de algumas avenidas, de tal maneira que só no
Orçamento da SMOV nós temos esses 23 milhões de reais.
Aquela área da entrada da Cidade será
outra área. Será um cartão de visitas da Cidade com esse Projeto que já se
implementa. Já foram construídas muitas moradias, mais de 400, e cerca de 700
casas populares estão sendo iniciadas agora. E só no Orçamento da SMOV, repito,
são 23 milhões e 153 mil reais.
Por último, neste último minuto que me
resta, quero dizer que também é alocado no Programa de Eficientização da
Iluminação Pública, um projeto que foi aprovado por esta Casa, com recursos do
BNDES, para que se melhore a iluminação pública na cidade de Porto Alegre, e,
ao mesmo tempo, a Prefeitura economizará, porque vai gastar menos. Por meio
desse Projeto, Ver. Pedro Américo Leal, nós vamos trocar, em cerca de 60 mil
pontos, as lâmpadas, as luminárias e alguns outros equipamentos da iluminação
pública da Cidade, de tal forma que a Cidade ficará mais iluminada e a
Prefeitura vai gastar menos do que a conta que hoje tem com a CEEE. Então, é
outro Projeto importantíssimo que fica encaminhado para a nova Administração do
Município e esperamos que seja realmente executado. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion
está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O
SR. RAUL CARRION: Excelentíssima Verª Margarete Moraes,
Presidenta desta Casa, demais Vereadores e Vereadoras, em primeiro lugar, nós
queríamos iniciar esta fala sobre o Orçamento, que, evidentemente, contempla
importantes verbas para a realização do V Fórum Social Mundial em Porto Alegre,
dizendo que a Bancada do PCdoB é favorável e que defende que o V Fórum Social
Mundial se realize em Porto Alegre, sim, até porque seria realmente algo
impensável que, a dois meses de um evento dessa magnitude, procurássemos
levá-lo para outra parte. Isso mostra a importância do Fórum Social Mundial,
que, infelizmente, a maioria da oposição durante cinco anos não reconheceu e,
aliás, combateu. Mas, eu penso - e tenho notícias de que o Prefeito de Porto
Alegre já se manifestou nesse sentido - que o V Fórum se realizará em Porto
Alegre.
Agora, não poderia deixar de dizer, Ver.
Dib, da alegria que eu sinto em assistir, do plenário, o Ver. Dib defendendo o
Fórum Social Mundial - algo que em outros tempos seria impensável -, ver a Verª
Clênia Maranhão fazer uma Moção para que o Fórum Social Mundial se realize aqui!
Mas, vejo isso como positivo e com alegria.
O
Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Raul Carrion, V. Exª nunca me ouviu dizer uma palavra
contra o Fórum Social Mundial; muito pelo contrário, no ano passado, quando eu
presidia esta Casa, eu tive a honra de ser representado por V. Exª muitas
vezes.
O
SR. RAUL CARRION: Uma defesa tão veemente como V. Exª fez
aqui, eu não tinha visto. Quero reconhecer.
O
Sr. João Antonio Dib: Mas também não acusei nunca!
O
SR. RAUL CARRION: Mas saúdo e vejo isso com alegria.
Eu queria inclusive propor, Ver. Dib, V.
Exª que tem uma liderança sobre a Bancada oposicionista, pois recordo quando
foi votado o Projeto dando o Título de Cidadão de Porto Alegre a esse grande
intelectual chamado Bernard Cassen, do Jornal Le Mond Diplomatic, que é um dos
coordenadores internacionais do Fórum, que esta Casa, de forma deselegante,
reprovou o Projeto; eu penso, com o mesmo espírito de buscar que o Fórum Social
continue aqui, que esta Casa andaria num bom caminho aprovando o Título de
Cidadão de Porto Alegre a Bernard Cassen, pois a Verª Helena Bonumá me informou
que ela fez um novo Projeto, porque é uma nova Legislatura, que é o Projeto nº
04/02. Portanto, a Casa poderá redimir-se e fazer uma sinalização clara para os
organizadores do Fórum Social Mundial de que ela reconsiderou a sua opinião.
Porque, quando esse Título foi reprovado para Bernard Cassen, um intelectual
tão importante da França, a única explicação é que ele era um dos organizadores
do Fórum Social Mundial, algo indesejável em Porto Alegre. Então eu creio que
seria uma boa sinalização para a continuidade do Fórum em Porto Alegre, que eu,
pessoalmente, defendo.
O
Sr. Pedro Américo Leal: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) É que a palavra não era liberada. Eu sempre achei que, se nós
vivêssemos em democracia, nós deveríamos estar em condições de ver todas as
opiniões serem explanadas, debatidas - o que não se dava no Fórum Social
Mundial. V. Exª sabe muito bem – Porque eu conheço V. Exª – que isso que eu
estou dizendo é verdade.
O
SR. RAUL CARRION: Eu agradeço pelo aparte do Ver. Pedro
Américo Leal, e queria dizer, Ver. Leal, que eu participei de três versões - a
quarta, na Índia, não tive a oportunidade de ir -, e nunca vi esse tolhimento
de qualquer visão...
O
Sr. Pedro Américo Leal: Mas aqui, Sim.
O
SR. RAUL CARRION: Não, nas três de que eu participei. Ao
contrário, eu, com as entidades que represento...
O
Sr. Pedro Américo Leal: Inscrições foram negadas.
O
SR. RAUL CARRION: Não, não! Esta Casa sempre esteve aberta.
Eu queria, em segundo lugar, dizer que...
(Aparte anti-regimental do Ver. Pedro
Américo Leal.)
O
SR. RAUL CARRION: Eu concedi o aparte a V. Exª, Vereador.
Muito obrigado.
O seu aparte abrilhantou a minha fala,
ainda que eu discorde da sua opinião.
Eu queria também dizer...
(Aparte anti-regimental do Ver. Pedro
Américo Leal.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Por favor, Ver. Pedro
Américo Leal, V. Exª já se manifestou em aparte.
O
SR. RAUL CARRION: Da mesma forma, nós nos regozijamos pelo
fato de que o Orçamento Participativo passou a ser também uma unanimidade nesta
Cidade e certamente nesta Casa, que, a partir desta eleição, passa a defender o
Orçamento Participativo, o que faz com que, no exame da Peça Orçamentária,
mantenhamos nós, os Vereadores, autonomia para as modificações necessárias,
reconhecendo, ao mesmo tempo, o valor de uma Peça que já passou pela opinião da
comunidade.
Eu queria também dizer que este Orçamento
me parece um orçamento muito sólido, muito importante; nele está assegurada,
pela nova Administração, a continuidade de importantes projetos, como o
Programa Integrado Entrada da Cidade, que beneficiará mais de 12 mil pessoas,
três mil e tantas famílias; o Projeto Socioambiental, que trará para a nossa
Cidade o tratamento de grande percentual do esgoto da Cidade, beneficiando mais
de 1.500 famílias; o sambódromo, já aqui tratado pelo Ver. Guilherme Barbosa; a
Perimetral, e tantas obras de valor, de peso, que fazem parte daquele
patrimônio do “o que é bom fica”.
Então, este Orçamento realmente garante
que o que é bom fica. É um Orçamento, Ver. Dib, com mais de dois bilhões de
reais, quase dois bilhões e duzentos milhões, dentro do qual 325 milhões de
reais em investimentos, o que é invejável - quantas cidades ou Estados têm
praticamente 15% do seu Orçamento em investimentos? Tudo isso nos faz ver,
nesta Peça Orçamentária, que certamente vai ser aprimorada pelos Srs.
Vereadores, uma Peça importante.
Eu queria tratar de quatro Emendas,
Vereador; três de minha autoria. Uma delas é a que destina recursos do
Município, da Prefeitura, para a implantação dos banheiros públicos nas feiras
livres, dentro de quatro possibilidades: podem ser construídos banheiros nos
locais que o permitam; podem ser instalados banheiros móveis onde não haja essa
possibilidade; podem ser utilizados próprios municipais nas proximidades das
feiras, ou podem ser contratados restaurantes e lancherias para viabilizar essa
questão.
Como a Lei está aprovada por esta Casa há
mais de um ano e meio, nós esperamos que esta Emenda, que tem previsão na LDO,
seja aprovada.
Outra Emenda que nós encaminhamos é a que
destina verbas para a Semana Municipal de Capoeira – já se realizou a 1ª e a
2ª, e, até hoje, Ver. Pestana, não há previsão orçamentária. Então é preciso
que não haja constrangimentos, que a Semana da Capoeira - Projeto aprovado por
esta Casa, de minha iniciativa - tenha a sua previsão orçamentária.
E a terceira, é a criação de um Centro de
Formação Tecnológica, de alta tecnologia, que venha a combinar com o Cientec,
que está sendo implantado em Porto Alegre.
Por fim, também queríamos registrar o
nosso apoio à Emenda de iniciativa popular que prevê verba para o funcionamento
da União das Associações de Moradores de Porto Alegre. Essa Emenda já é
tradicional na Casa, tanto que a sua primeira aprovação foi quando do meu
mandato de 1993 a 1996, que inovou o tratamento dessa entidade social que
presta importantes e relevantes serviços às comunidades, e entendemos justa a
Emenda nesse sentido. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. REGINALDO PUJOL:
Srª Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, a Casa, hoje,
cumpre o sexto dia de discussão preliminar do Orçamento do Município de Porto
Alegre para o ano de 2005. Nos debates anteriores – o Ver. Barbosa nos
acompanhou naquele debate como representante do Partido dos Trabalhadores –,
nós afirmamos que seria absolutamente necessário que o novo Governo do
Município opinasse sobre essa Peça Orçamentária, até porque, por mais engessada
que ela esteja, há alguns ajustes que podem e devem ser feitos de acordo com as
estratégias que venham a ser estabelecidas - ou que viessem a ser
estabelecidas, dizia eu naquela ocasião - pelo Governo que viesse a se
constituir nas eleições realizadas no último domingo. Agora, com a definição
das urnas em favor de José Fogaça, mais vigorosa fica essa nossa postura, e até
explica, Ver. João Dib, a razão por que nós deliberadamente não contribuímos,
na última quinta-feira, para a existência de quórum quando da discussão desta
matéria e, provavelmente os que aqui estavam comigo não comporíamos o número
necessário de presentes para o quórum. Mas não tivemos a menor intenção de
assim proceder, pois havíamos estado aqui na Casa às 14h, quando foram abertos
os trabalhos, garantindo quórum na Casa. Nós acreditávamos que era conveniente
que tivéssemos, no dia de hoje, já com as urnas abertas e definidas, a
oportunidade de fazer a derradeira discussão sobre este assunto.
Vejam os senhores que eu não poderia ter
previsto as reações que ocorreram em determinados pontos do País, de pessoas
que anunciaram que estão postulando a não-realização do Fórum Social em Porto
Alegre em face do resultado das eleições realizadas no último domingo. Eu nem
podia imaginar que isso viesse a acontecer, mas aconteceu. Isso, por si só,
determina que a gente tenha uma cautela extra no exame desta Peça, desta Lei e
deste Orçamento, porque se é verdade que essas pessoas que estão pugnando pela
não-realização do Fórum Social em Porto Alegre em 2005 têm força para tanto, e
se discute se elas têm - já se sabe, até com algum grau de certeza que elas não
têm esse poder de propor essa verdadeira aberração -, seria até de repensar o
que nós vamos fazer, Ver. Braz, com os dois milhões de reais previstos no
Orçamento do Município, em verba do Gabinete do Prefeito, para criar a
infra-estrutura necessária para a realização desse acontecimento. Sobre a
discussão que se polemizou nesses dias, eu não quero minimizá-la; já ouvi
pessoas muito esclarecidas dizendo que as opiniões que surgiram até agora são
de pessoas que não têm condição de ter esse grau de decisão, de suspender o
Fórum 90 dias antes da sua realização.
O que essas pessoas podem falar é que o
Fórum não pode ser permanentemente em Porto Alegre, e isso já foi decidido,
tanto é verdade que o último que se realizou não foi no Brasil; tanto é verdade
que para 2007 já está previsto que o Fórum se realizará na África; tanto é
verdade que já se está pensando em realizar o Fórum só de dois em dois anos, e
não mais ano a ano, para que ele não vá à exaustão. E isso tudo faria com que,
a partir de 2005, o próximo Fórum que pudesse ser realizado em Porto Alegre
seria em 2009, e nós já teríamos outro Prefeito na cidade de Porto Alegre, que
poderia até ser da simpatia desses ilustres cidadãos que têm promovido essas
verdadeiras aleivosias pela imprensa nacional.
Ora, Srª Presidente e Srs. Vereadores,
isso surgindo no momento em que surgiu, demonstra quanta correção havia na
nossa opinião de que esse assunto devesse ter a sua discussão encerrada já com
esse novo quadro delineado. Eu tenho a certeza de que a equipe do ex-Senador José
Fogaça, Prefeito eleito desta Cidade, já diligencia, nesta hora, em algumas
análises pelas quais a discussão que daqui adiante se dará em nível de
Comissão, irão ser desenvolvidas, porque certamente este Orçamento contém os
mesmos vícios que nós apontamos, ano após ano, Ver. Braz, porque ele ideologiza
uma Peça que não poderia sê-lo e teima em colocar disposições do Orçamento, que
tem um único objetivo: dar uma nítida coloração ideológica para essa proposta
que é técnica por excelência.
Então, a discussão se dando no dia de
hoje - e depois de ter ouvido tão belos pronunciamentos - eu diria o seguinte:
eu não tenho o menor temor de que o Fórum não seja realizado aqui em Porto
Alegre em janeiro do próximo ano. Acho que as pessoas não estão ensandecidas neste
País, nem neste mundo; a loucura não é de tal grau. O compromisso daqueles que
organizam o Fórum e que recebem, ao longo do tempo, um grande apoio na cidade
de Porto Alegre - apoio que não encontraram em outros lugares do mundo -, o
compromisso que essas pessoas têm vai sopesar na hora em que houver alguma
decisão, se decisão vier a ocorrer. E isso vai fazer com que, muito brevemente,
essa questão seja desanuviada.
Então, desanuviada a questão, nós
continuaremos caminhando, atendendo, inclusive, à recomendação do Prefeito
eleito, que quer ver realizado em Porto Alegre esse Fórum Social, que, como eu
já disse, só vai poder ser realizado de novo, aqui em Porto Alegre, daqui a
quatro anos, em 2009, porque já está decidido que vai ser realizado de dois em
dois anos, sendo que no ano de 2007 será realizado na África.
Mas já que se dá essa coloração
ideológica tão forte, eu quero dizer a todos o seguinte - e digo a esses
insanos que estão fazendo essas levianas afirmações -: o Fórum da Liberdade se
realiza aqui em Porto Alegre ao longo dos anos, nunca recebeu um centavo de
patrocínio oficial, e nunca ouvi dizer que os organizadores do Fórum da
Liberdade tivessem alguma dificuldade em realizá-lo na cidade de Porto Alegre,
durante esse tempo todo, mesmo sabendo que o Partido, que a época se encontrava
no Governo do Estado e no Governo do Município, não comungava com as idéias
daqueles que patrocinavam esse Fórum.
Ora, o que querem os organizadores de um
Fórum dessa natureza é uma garantia do clima de liberdade assegurado para suas
realizações. E o Prefeito eleito, José Fogaça, tem assegurado de forma muito clara, a mais ampla liberdade
para que as organizações não-governamentais, a quem se credita a organização e
a responsabilidade pela realização desse Fórum, possam realizá-lo aqui na
cidade de Porto Alegre, como o fizeram até agora, até comprometendo recursos
públicos, como já está previsto neste Orçamento, na ordem de dois milhões de
reais, diversamente do que faz com outras atividades que aqui se realizam, pelo
clima que esta Cidade organiza.
Aqui, quer goste ou não esse cidadão,
somos uma cidade plural onde a diversidade ideológica é uma constante, e esta
Casa é um dos melhores exemplos.
O
Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Reginaldo Pujol, primeiramente eu agradeço este aparte a V.
Exª, mas logo após as notícias da realização ou não do Fórum Social Mundial
aqui, outros Estados prontamente se colocaram à disposição para sediar o Fórum,
e, estranhamente, Vereador, é onde o PT foi vitorioso nas eleições.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Ora, Vereador, a ilustre Presidenta desta
Casa, Vereadora Margarete Moraes, quando recebeu a Peça Orçamentária,
certamente leu a Exposição de Motivos que a antecede, onde fala claramente num
dos seus parágrafos e enfatiza que neste Projeto de Lei Orçamentária os
investimentos e as despesas correntes foram consignados em harmonia com a
prioridade estabelecida no Orçamento Participativo. E, dessa forma, Ver. Braz,
foram priorizados hierarquicamente ações na área de Habitação, Educação,
Assistência Social, pavimentação, desenvolvimento econômico e Turismo, Saúde,
Cultura, saneamento básico, tanto pelo DEP como pelo DMAE, esporte e lazer,
área de lazer, iluminação pública, transportes e circulação, saneamento
ambiental, e, finalmente, que cabe registrar que as dotações definidas na Lei
Orçamentária poderão ser submetidas a procedimento de indexação durante o
processo de execução através da Lei de Diretrizes, n.º 9.583, de 26 de agosto
de 2004, para o exercício do Município, mantida a sistemática de correção dos
saldos das dotações pela variação do Índice Geral de Preços de Mercado da
Fundação Getúlio Vargas, IGP-M, da Fundação Getúlio Vargas.
Tudo isso, Srª Presidenta, não se
harmoniza com o trecho final da Exposição de Motivos, quando o Sr. Prefeito diz
claramente que na certeza de ter elaborado esse Projeto de Lei no estrito
cumprimento dos princípios constitucionais e legais e com visão nas
necessidades mais prementes da população, expressa por seus legítimos
representantes, em discussão pública. Tenho a certeza de que a proposta ora
encaminhada será apreciada com extrema atenção, zelo e espírito público, que
são tradição dessa Egrégia Casa Legislativa.
Concluindo, digo que o Sr. Prefeito tem
razão quando diz que aqui não faltarão zelo, responsabilidade, que são nossa
tradição; só a minha impugnação em respeito à autonomia deste Poder, autonomia
deste Parlamento. Não são legitimadas para deliberar sobre o Orçamento as
pessoas que aqui foram indicadas. A legítima competência reside neste
Parlamento, e aqui ela será exercida na sua plenitude. Muito obrigado, Srª
Presidenta.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Informamos ao Plenário
que a Verª Helena Bonumá está representando a Casa na solenidade de abertura da
Semana da Guarda Municipal e premiação por tempo de serviço no dia de hoje, às
16 horas, no Auditório da Secretaria Municipal de Administração, na Av.
Siqueira Campos, 1300 – 14º andar.
O Ver. Luiz Braz está com a palavra em
Pauta Especial.
O
SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidenta, Sras Vereadoras,
Srs. Vereadores, o nosso Orçamento para o ano de 2005 faz uma previsão de
gastos de 2 milhões de reais para a montagem das estruturas para a realização
do Fórum Social Mundial.
O Prefeito eleito em Porto Alegre,
ex-Senador José Fogaça, em suas declarações, disse de forma peremptória, que
iria garantir a realização desse Fórum em Porto Alegre, se, na verdade, fosse
vitorioso nas urnas, o que realmente aconteceu.
Eu acredito que, de uma forma ou de
outra, essas declarações do Prefeito eleito José Fogaça acabam, de uma certa
forma, comprometendo todos nós, Vereadores, com essa idéia de aprovarmos esses
recursos para a realização do Fórum. Mas não nos tira o direito de analisarmos
a conveniência, ou não, da realização do evento com dinheiro público.
Eu acredito que o que faz com que esse
evento seja extremamente importante, Ver. Sebenelo, é o fato de no mês de
janeiro - um mês em que a Cidade está completamente morta, as pessoas saem de
Porto Alegre durante o mês de janeiro -, criamos aqui um grande movimento com
pessoas que vêm de todas as partes do País e também do mundo para participar do
Fórum Social Mundial. Alguns vêm a passeio, mas outros vêm realmente para
discutir as questões ligadas ao socialismo no mundo.
Eu digo para o meu amigo Ver. Pestana que
ouso contestar a utilização de verbas públicas, muito embora eu digo e repito o
que disse no início, eu me sinto comprometido, dado aquilo que afirmou o
Prefeito eleito de Porto Alegre. Se a maioria dos eleitores de Porto Alegre
acredita que ele realmente seja a pessoa ideal para governar a nossa Cidade, eu
acredito que os compromissos que ele assumiu, mediante os seus discursos, devam
ser honrados também por aqueles que são representantes da sociedade, que são os
Vereadores.
Mas imaginem os senhores que, de repente,
os organizadores do Fórum da Liberdade, que estão esteados no liberalismo,
poderiam também solicitar a esta Câmara de Vereadores e à Prefeitura Municipal
recursos públicos para também montar aqui o Fórum que discute o Liberalismo. E,
daqui a pouquinho, poderia acontecer com outras tendências políticas, que
poderiam exigir que esse dinheiro fosse colocado à disposição também para que
essas idéias fossem discutidas. E nós não poderíamos negar, e a Prefeitura de
Porto Alegre não poderia negar esses recursos, porque o que tem acontecido
nessas discussões do Fórum Social Mundial, ao longo dos anos, é a exclusão
completa das outras tendências ideológicas, e se discute pura e simplesmente uma
tendência radical de esquerda, com a qual eu não concordo, mas sou obrigado,
como cidadão desta Cidade, a ajudar a pagar para que esse evento aconteça.
Eu acredito que não é justo que nós
acabemos impondo ao cidadão de Porto Alegre que não tem essa tendência, que não
tem essa ideologia, que ele também pague para que se faça uma discussão
exclusivamente da esquerda radical. Então, eu somente vou consubstanciar o meu
voto a esses dois bilhões que estão previstos no Orçamento, exatamente porque
já existe um compromisso do Prefeito eleito em Porto Alegre, e eu acho que
esses compromissos devem ser honrados e devem ser por nós aqui também
ratificados.
Mas eu acredito que, para os próximos
anos, nós devamos, pelo menos, discutir alguma coisa um pouco mais eclética,
alguma coisa que seja mais universal, algo que possa também trazer para a
discussão pontos de vista de outras tendências, não um Fórum Social Mundial,
mas um Fórum de Ideologia, um Fórum Político Mundial, onde todos sejam
realmente contemplados e que o evento sirva para discutir o melhor para a
sociedade, e não um evento que tenha uma tendência que agrade apenas um lado,
que agrade apenas, talvez, hoje, com certeza absoluta, uma minoria. Eu acho que
nós, Vereadores de Porto Alegre, representantes da sociedade, não estamos
autorizados pela população a fazer emprego de verba pública desta forma,
beneficiando apenas uma parcela da população.
Uma outra coisa que eu gostaria de falar,
nesta última discussão que se faz do Orçamento, esta discussão preliminar, é
com relação às emendas que darão entrada ou que deram entrada a partir das
eleições. Eu acredito que todas as emendas que deram entrada a partir das
eleições devam ser analisadas de uma forma diferenciada, porque, afinal de
contas, as pessoas que esperaram o resultado da eleição para colocar as suas
emendas não estavam procurando legislar, no meu modo de entender. Talvez não a
totalidade, mas muitas dessas emendas deram entrada, exatamente, ou para
prejudicar ou para beneficiar as demais. Então, eu penso que elas devem ser
olhadas com muita cautela pelo Relator e por todos os Vereadores que estarão
aqui analisando o Orçamento para o ano de 2005. Acho que há prazo, e é claro
que é um prazo curto, mas é um prazo suficiente para que o Prefeito que ganhou possa
manifestar também a sua opinião a respeito deste Orçamento, porque, afinal de
contas, o lado que ganhou não deve deixar para manifestar a sua opinião sobre o
Orçamento depois que tudo estiver já encerrado; eu acho que agora é a hora. Até
o dia cinco é possível entrar com emendas; depois, podem entrar emendas, ainda,
através da Comissão. Esse tempo é suficiente para que opiniões das pessoas que
compõem a chapa ganhadora possam ser dadas, para, quem sabe, serem
transformadas em emendas que venham dar para este Orçamento que vai ser
praticado no ano que vem uma realidade coerente com o ganhador, porque, senão,
nós vamos ter de conviver com as realidades dos perdedores, com realidades
daqueles que fizeram um Orçamento que não é o Orçamento que talvez mais agrade,
ou aquele que seja, realmente, mais propício às necessidades da nossa Cidade.
Portanto, ainda há tempo para a
manifestação da equipe do Prefeito Fogaça, daqueles que estão ligados ao
Prefeito Fogaça, no sentido de fazer com que esta Câmara possa sentir se é este
o Orçamento que o Prefeito gostaria de ter para o ano que vem, ou se, de
repente, alguma modificação substancial poderia ser introduzida para que ele
possa governar melhor a nossa Cidade no ano que vem.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Encerrada a discussão
de Pauta Especial. O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação
de Líder.
O
SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, fomos surpreendidos, hoje pela manhã, com as
notícias dos diários da Cidade, dando conta que a Coordenação do Fórum Social
Mundial noticia a saída do Fórum, daqui da Cidade de Porto de Alegre, já no ano
de 2005.
Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
não dá para acreditar porque é muito sectarismo; é muito revanchismo de alguns
setores! Por isso também tomo a iniciativa de cumprimentar o Prefeito de Porto
Alegre, bem como o Deputado Estadual e ex-candidato, Raul Pont, que
manifestaram a sua contrariedade à saída do Fórum de Porto Alegre no ano de 2005,
quando já está tudo marcado, tudo se encaminhando para a organização. Vejam os
senhores as cabeças que coordenam esse processo! De vez em quando, esse
cidadão, o Sr. Emir Sader, posa de libertário, mas, na realidade, é de um
sectarismo a sua posição quando afirma, em sua entrevista, (Lê): “Essa é a
minha opinião, mas foi nesse mesmo sentido que alguns membros do Conselho
Internacional do Fórum Social divulgaram um manifesto durante a campanha
eleitoral, colocando-se contra a manutenção na Cidade. Eu mesmo fui autor da
proposta aprovada há anos, para que Porto Alegre fosse sede permanente. A
Cidade foi escolhida em razão dos quatro mandatos do PT, característica que
agora deixa de existir com a derrota do Partido por uma coalizão de direita.”
O Sr. Sader, que se propõe a refletir
sobre a realidade dos países do Terceiro Mundo no Fórum Social Mundial, que
surgiu para se contrapor ao Fórum dos poderosos na cidade suíça de Davos, vem
com essa empáfia de quem não conhece a realidade de Porto Alegre, de quem não
conhece a realidade da América Latina, afirmar que quem venceu as eleições é
uma coalizão de direita. Ele tem de
saber que, apesar de ser um Partido pequeno, o Partido Popular Socialista tem
suas raízes no histórico Partido Comunista Brasileiro, fundado em 1922. É dali
que surge o PPS. Se alguns dos seus integrantes discutem se são mais de
esquerda ou mais de direita, é outra questão, mas o Partido Popular Socialista,
que venceu as eleições em Porto Alegre, o fez numa coalizão bem mais à esquerda
do que alguns que não aceitaram a derrota possam admitir. Vou dar um exemplo:
nessa coalizão que venceu as eleições está o PDT. Não sei se o Sr. Emir Sader
há muito tempo está vivendo no Brasil; não sei se o Sr. Emir Sader conhece a
realidade brasileira. Alguém me diz
que ele é domiciliado em São Paulo; não é por acaso, e nisso se contrapõe ao Rio Grande. O Sr. Emir Sader diz
que foi uma coalizão de direita. O candidato vencedor é do Partido Popular
Socialista, que tem suas raízes no Partido Comunista Brasileiro, e tem o apoio
do PDT, que é o Partido que mais faz oposição à política neoliberal dos
continuadores da política de FHC, do Sr. Fernando Henrique ao Sr. Luis Inácio
Lula da Silva. Quem não sabe que o PCdoB capitulou aos interesses do capital internacional - para sobreviver, vamos
dizer assim. Noutro dia, eu vi o Sr. Aldo Rebelo dando uma entrevista que não
dava para acreditar!
Portanto o PDT repudia a manifestação do
Sr. Emir Sader. Há ainda o PTB do Rio Grande, que é um PTB à esquerda - exemplo
disso é a presença firme do Líder de sua Bancada, Ver. Cassiá Carpes; há também
o PMDB do Rio Grande, o PMDB de Porto Alegre. Por isso, quem ganhou as eleições
em Porto Alegre foi uma Frente que está basicamente à esquerda, que tem à
frente o candidato José Fogaça, que pertence – quero lembrar ao Sr. Emir Sader
– ao Partido Popular Socialista, que é o Partido que tem a sua raiz lá no seu
presidente nacional chamado Roberto Freire, que tem se contraposto a essa
política neoliberal do Governo Luis Inácio Lula da Silva, o qual tem sido
aplaudido nos fóruns – não no Fórum Social Mundial, mas está sendo aplaudido
pelo capital internacional, está sendo aplaudido hoje e daqui a pouco vão
levá-lo para Davos. Quem sabe é isso que quer o Sr. Emir Sader. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cassiá Carpes
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CASSIÁ CARPES: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, é um momento, quem sabe, para todos nós, de
reflexão; reflexão para alguns de uma forma diferente, para outros de uma forma
até mais tranqüila. Quero dizer que eu não conhecia pessoalmente o ex-Senador
José Fogaça, mas nesta campanha, quando o apoiamos, eu o conheci profundamente:
um homem coerente, Ver. Elói Guimarães, um homem tranqüilo, sereno. Portanto,
não tenho dúvida de que, se os Partidos que o apóiam lhe ajudarem, ele fará um
grande Governo em Porto Alegre. Se os Partidos não quiserem ser mais que o
Prefeito – cada um ganhou a eleição, ganhou com a sua parcela e colaboração,
mas nós temos de respeitar o Prefeito. Na minha idéia, quem ganhou a eleição
foi o carisma, a pessoa firme, serena, tranqüila do ex-Senador José Fogaça. Ele
tem, Ver. Luiz Braz, a maior parcela de responsabilidade sobre essa vitória. Nós
apenas empurramos esse barco para a grande vitória, mas, sem dúvida, a maior
parcela da responsabilidade é do futuro Prefeito de Porto Alegre, José Fogaça.
A população de Porto Alegre deu uma resposta magnífica, democrática, nas urnas,
de que aquele regime – ou este regime que está aí, porque vai até o dia 31 de
dezembro - era um regime cansado, esgotado, que não tinha mais o que apresentar
para a sociedade porto-alegrense. Portanto, agora, há expectativa, há
oxigenação. Até o PT, tenho certeza, de que já está discutindo os seus
problemas, ou seja, procurando saber por que o povo do Rio Grande tirou-os do
Governo do Estado? Por que o povo de Porto Alegre os tira da Prefeitura da
Capital? Por que os tirou de Pelotas, de Caxias, Prefeituras consolidadas do
PT? Não fomos nós quem os tiramos, Ver. Luiz Braz, foi a população que os
tirou, democraticamente, no voto. O PT tem de aceitar o resultado das urnas e
que faça a sua avaliação interna.
Na nossa Capital, nunca se debateu tanto
Porto Alegre como nesta eleição, a questão nacional foi até secundária perto
dos assuntos graves que a população de Porto Alegre enfrentou e enfrenta ainda
na Capital, principalmente como a Saúde; o desemprego; a Educação, a questão
dos ciclos; a Habitação, as invasões, áreas irregulares que terão de ser
regularizadas. Nós teremos de dar, conseqüentemente, guarida ao novo Prefeito
para que ele tenha tranqüilidade. Então, eu, como Líder do meu Partido, Partido
Trabalhista Brasileiro, faço aqui um pedido a todos os Partidos: que tenham
tranqüilidade, que deixem o Prefeito eleito descansar, sentar, organizar-se.
Não vamos pressioná-lo. Nós fomos eleitos para sermos Vereadores da Cidade e
não para sermos Secretários. Vamos com calma! Quem tem de analisar com os
Partidos políticos é o Prefeito eleito e o seu Vice-Prefeito. Mas não vamos
atropelar! Não é o momento de se fazer pressão! Não há por que se fazer pressão
em um Governo legítimo e eleito pelo povo!
Então, eu peço aos Partidos, a todos
eles, que tenham tranqüilidade. Nós fomos eleitos, primeiro, para sermos
Vereadores! Secretário é conseqüência! No entanto, não vamos aproveitar para
acomodar A ou B e tentar resolver problemas que não serão resolvidos nas
Secretarias. As Secretarias estão acima, quem sabe, até, de algum Vereador. As
Secretarias são importantes para as comunidades. Então, vamos com calma! Eu
tenho plena confiança no Prefeito, no Vice-Prefeito e nos Partidos. Que tenham
coerência, tranqüilidade, serenidade, e vamos aguardar o momento certo. Cada
Partido terá a sua capacidade, a sua força. Mas sem pressão! Tudo com base na
democracia. E sempre preservando a figura máxima do Prefeito eleito pelo povo
de Porto Alegre. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Beto Moesch
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. BETO MOESCH: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes,
retomando os trabalhos; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, a Bancada
do Partido Progressista, composta pelos Vereadores João Antonio Dib, João
Carlos Nedel, Pedro Américo Leal e este Vereador, não poderia deixar de vir à
tribuna, na primeira Sessão após as eleições, para, em um primeiro momento,
desejar ao novo Prefeito eleito, Fogaça, e ao seu Vice, Eliseu Santos, sucesso
nessa difícil tarefa de administrar a nossa Cidade, a cidade de Porto Alegre, a
Capital do Rio Grande do Sul.
Na realidade, cumpriu-se apenas mais uma
etapa da democracia. E, ao nosso ver, ela mais uma vez fortalece-se no Brasil e
aqui na Cidade. A grande vitoriosa é a democracia e a sociedade porto-alegrense
que, como nunca na história, participou, militantemente, nas ruas, em reuniões,
em audiências, desta eleição, principalmente no segundo turno. E mais: nós
víamos que os eleitores, principalmente os ditos neutros, que não tinham cores
partidárias, queriam realmente debater sobre a cidade de Porto Alegre, saber
quem é que teria condições de administrá-la, se as propostas eram realizáveis
ou não e se, efetivamente, poderiam manter o que é bom e mudar o que é ruim.
O Partido Progressista, já de pronto,
recém-encerrado o primeiro turno, colocou-se à disposição para apresentar
programas para o segundo turno e, agora, coloca-se à disposição para ajudar a
administrar esta Cidade. Este Partido Progressista que fez oposição a este
Governo que encerra o seu ciclo - isso faz parte da democracia, o princípio da
alternância é um dos princípios basilares da democracia -, só não participou
mais, propondo e trabalhando com o Executivo, porque, por diversas vezes e na
maioria dos casos, foi barrado por este Executivo. Isso não diz respeito à
Bancada da situação aqui, que, pelo contrário, foi uma Bancada que sempre se
mostrou aberta ao diálogo para buscar soluções na votação dos projetos de lei;
mas, ao contrário, defendia e defende o Executivo, que buscou barrar não só o
Partido Progressista, mas toda a Câmara de Vereadores.
Com certeza, esta Casa - o Poder
Legislativo de Porto Alegre - se fortalece com esta eleição, porque terá à
frente um Parlamentar respeitado em todo o Brasil pela sua história, relator
dos temas mais difíceis e complexos deste País, e que, portanto, sabe a
importância e o peso de um Parlamento.
Certamente o novo Prefeito, assim como o
seu Vice, Eliseu Santos, também um Parlamentar ativo, saberão não só respeitar,
mas receber a Câmara de Vereadores como o Poder que verdadeiramente é. E com
certeza fará, juntamente com este Parlamento, com que a sociedade participe do
processo decisório sem excluir
nenhuma instituição, pelo contrário, respeitando-as todas. Será, sim, a
Administração do respeito, a Administração da verdade, a Administração que dará
vez a todos os segmentos da sociedade, independentemente do seu pensamento,
porque será, sim, a Administração da sociedade porto-alegrense.
Novos tempos para a Cidade! E que todos
os homens públicos sejam sérios, para que possamos dar a resposta que a
sociedade deu nas urnas, a da pluralidade, a da verdade, a da mudança. Mas
mudança com responsabilidade, mantendo a história, a vocação, a cultura desta
Cidade extraordinária que é Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Passamos à
PAUTA
- DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05
oradores/05 minutos/com aparte)
3.ª
SESSÃO
PROC. N.º 3323/04 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N.º 142/04, de autoria da
Comissão de Saúde e Meio Ambiente - COSMAM, que institui o Dia Municipal de
Prevenção e Combate ao Câncer de Colo do Útero, a ser comemorado, anualmente,
no dia 25 de autubro.
PROC. N.º 4073/04 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N.º 180/04, de autoria do
Ver. Reginaldo Pujol, que denomina Rua Arthur de Lima Bottona um logradouro
não-cadastrado, localizado no Bairro Rubem Berta.
PROC. N.º 4100/04 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N.º 181/04, de autoria do
Ver. Reginaldo Pujol, que denomina Rua Jayme Cyrino Machado de Oliveira um
logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Rubem Berta.
PROC. N.º 4805/04 - PROJETO DE LEI
COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 015/04, de autoria do Ver. Nereu D’Avila, que viabiliza a regularização de
atividades existentes na Estrada Jorge Pereira Nunes, mediante o ajuste do
Modelo Espacial, Anexo 1, da Lei Complementar n.° 434, de 1° de dezembro de
1999, e alterações posteriores (PDDUA).
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidente Verª Margarete Moraes, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, minhas senhoras, meus senhores, há um
pensamento equivocado, uma forma de avaliação equivocada de dizer quanto
representa, como capacidade, como competência, o número de projetos de lei
apresentados pelo legislador. De repente, o legislador que não apresenta nenhum
projeto de lei, mas analisa profundamente os projetos apresentados, sugere,
acompanha o Orçamento, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, o Plano Diretor, pode
ser um legislador muito melhor do que aquele que apresenta dezenas de projetos
de lei. Acho que nós pecamos pelo excesso de leis apresentadas e esquecemos de
fazer a fiscalização das leis votadas e aprovadas. Parece que, uma vez votada e
aprovada e estando o nome do Vereador, está tudo liquidado, está tudo muito
bem. Não me parece que seja esse o caminho mais certo.
Na Ordem do Dia de hoje temos 115
Projetos para serem votados, alguns do ano de 1999, de 2000, 2001, 2002, mas há
muito mais do que isso nas Comissões esperando a oportunidade para entrar na
Ordem do Dia, desde que as Comissões completem os seus exames. E, nos próximos
dias, vai acontecer que muitos desses projetos entrarão na Ordem do Dia sob a
égide do malfadado artigo 81 da Lei Orgânica, isto é, sem Parecer.
Mas hoje temos quatro Processos para
serem debatidos na Pauta. A Comissão de Saúde e Meio Ambiente quer instituir o
Dia Municipal de Prevenção e Combate ao Câncer de Colo do Útero. O Dr. Humberto
Goulart, Vereador desta Casa, é assíduo nesta tribuna dizendo da importância
desse serviço. Manifestei-me, há poucos dias, dizendo que o Dia do Servidor
Público deveria ser todos os dias; o Dia da Prevenção e do Combate ao Câncer
deve ser todos os dias, mas, de qualquer forma, é sempre bom lembrar.
Há duas denominações de ruas, e eu acho
que nós precisamos, sim, encontrar um método de simplificar a votação desses
projetos de denominação de logradouros, que são extremamente importantes,
porque ninguém gosta de morar na rua 1, 2, 5 ou 59; ninguém quer morar na rua
A, B, C da vila X, Y ou Z. Então, é muito importante, mas nós poderíamos
simplificar e vai depender do encontro de vontades de todos os Srs. Vereadores.
O Ver. Nereu D'Avila propõe aqui uma
alteração no Plano Diretor, ele quer regularizar atividades existentes na
Estrada Jorge Pereira Nunes, mediante o ajuste do Modelo Espacial, anexo ao
Plano Diretor. Ele lista aqui 15 empresas que estariam em desacordo com o Plano
Diretor. Se existem essas 15 empresas em desacordo com o Plano Diretor... O Plano
Diretor é dinâmico; evidentemente ele não está acompanhando todos os setores da
periferia, porque é difícil, mas talvez fosse importante verificar a vocação da
área para fazer as alterações e não, porque existem empresas ou órgãos e
entidades irregulares, nós adaptarmos o Plano àquelas entidades. Nós
precisaríamos sempre verificar a vocação da área. E aí eu tenho que lastimar
profundamente: nós temos uma Comissão de Avaliação do Plano Diretor, instalada
no ano passado, à qual eu propus que fosse utilizada a colaboração de
professores universitários com Mestrado, com Doutorado em Planejamento e
Urbanismo. Não foi aceito. Provavelmente se nós tivéssemos esses professores,
nós teríamos forçado a Prefeitura - porque a ela caberia fazer a verificação da
vocação das áreas e não à Câmara - a apresentar as alterações do Plano Diretor
que deveriam ter sido apresentadas e que não o foram desde 1999. Provavelmente
nenhum desses quatro Projetos vá ser votado, porque nós estamos nos aproximando
do término da Legislatura e eles serão arquivados. Mas fica o alerta à Comissão
do Plano Diretor, que poderia ter usado a colaboração dos mestres que lhe foram
colocados à disposição, mas ela se negou a fazê-lo. Saúde e PAZ!
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Guilherme
Barbosa está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes,
colegas Vereadoras e Vereadores, demais pessoas que estão presentes no nosso
plenário e pessoas que nos acompanham pela TVCâmara, eu também venho, nesta
discussão preliminar de Pauta, fazer algumas considerações sobre o Projeto do
Ver. Nereu D’Avila – e até faço um convite ao debate através de aparte, Ver.
Nereu, com relação a essa mudança no Plano Diretor, nessa região do Campo Novo
e Estrada Jorge Pereira Nunes. Eu conheço bem a região, até porque estive em
várias reuniões com a comunidade, no período da pavimentação da Estrada Jorge
Pereira Nunes. Faz uns seis, oito meses que pavimentamos essa rua, quando ela recebeu
1.400m de asfalto, mais rede pluvial, etc., e conheço, inclusive, o
estabelecimento principal dessa relação, que é a empresa de Fertilizantes Lac
Ltda., cujo proprietário esteve, inclusive, conversando com este Vereador sobre
a possibilidade de ampliar o seu negócio, que é, por si mesmo, uma preocupação
importante, e interessa ao Município. Cheguei a consultar também o Secretário
de Planejamento do Município, Carlos Eduardo Vieira, que me informou que, pelo
atual Plano Diretor, haveria o impedimento da ampliação da fábrica de
fertilizantes. Realmente, é um travamento, digamos assim, à ampliação da
empresa. Quanto aos outros estabelecimentos listados, parece-me que é muito
mais uma questão da irregularidade da sua área, porque todos eles são pequenos negócios,
parece-me - supermercado, consultório dentário, minimercado, lancheria -, que
não haveria, pelo Plano Diretor, nenhum impedimento de se estabelecerem ali,
pois é uma área – veja V. Exª - já de muita moradia, ao longo da Jorge Pereira
Nunes, está-se iniciando agora a construção, inclusive, de um grande
loteamento, reforçando inclusive essa função da área, essa vocação daquela
área. Permitir-se a ampliação da fábrica de fertilizantes, que tem alguma
preocupação, inclusive ambiental, de odores, pode ser uma complicação.
Então, quero dizer, neste momento, a V.
Exª que não tenho uma posição formada; pretendo estudar a questão neste período
em que estarei na Casa, até o final do ano, mas vejo o assunto com alguma
preocupação, na medida em que se trata, como digo, principalmente a Jorge
Pereira Nunes, de uma via basicamente residencial, hoje, ampliando essa
vocação, e se não fizermos essa modificação que o Projeto de V. Exª pretende,
eu acho que vai haver um impacto muito grande nessa vocação que se amplia agora.
O
Sr. Nereu D’Avila: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) V. Exª está abordando com muita percuciência exatamente a
problemática lá da região do Campo Novo. É claro que nós não podemos, via
Legislativo, alterar o Plano Diretor para que um ou outro estabelecimento seja
ampliado; é óbvio. Mas o que eu senti lá, ao conversar, é que as reclamações
são no sentido de que haveria constrangimento do próprio funcionamento dessa
situação. Então, é evidente que, para chamar a atenção, e hoje eu vejo com
satisfação que até V. Exª, que eu não sabia que estava tão a par, vem à tribuna
para isso. Eu quero, exatamente, o aprofundamento, e com a responsabilidade que
a gente tem - e eu não fujo disso, temos até uma Comissão em pleno
funcionamento, aqui, da alteração do Plano Diretor -, nós teríamos que
verificar qualquer circunstância dessa natureza e adaptá-la ao próprio Plano
Diretor, ou não. Mas, de qualquer forma, são reclamações de que somos
porta-vozes e que temos que levar adiante.
Eu manifesto a V. Exª a minha gratidão
por trazer à atenção do público em geral e de todos nós, aqui da Câmara, sobre
esse problema de uma parte importante da nossa Cidade.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Obrigado. E lembrando, Ver. Nereu, que o
nosso Plano Diretor atual, já prevendo, digamos, a necessidade de que nós
tenhamos indústria ligada ao setor primário da nossa Cidade, que é
significativa - é uma das poucas Capitais do Brasil que tem produção primária,
seja na agricultura, seja na pecuária - criou cinturões a partir do bairro
Restinga para que se estabeleçam essas indústrias. Claro que para o empresário
seria melhor ampliar onde ele já está, mas de qualquer forma há a alternativa
de que em outro local da Cidade ele possa construir uma nova fábrica, maior do
que ele tem agora. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, no último dia em Pauta, o PLCL nº 015/04 de
autoria do Ver. Nereu D’Avila, que viabiliza a regularização de atividades
existentes na Estrada Jorge Pereira Nunes, mediante o ajuste do Modelo
Espacial, Anexo 1, da Lei Complementar nº 434, de 1º de dezembro de 1999, e
alterações posteriores, ou seja, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e
Ambiental. Esse Projeto já mereceu Parecer favorável da nossa Procuradoria no
que diz respeito à sua legalidade, na medida em que o Dr. Cláudio Roberto
Velasquez estabelece: (Lê.) “Consoante se infere dos comandos normativos acima
indicados, a matéria objeto do Projeto de Lei em exame se insere no âmbito da
competência municipal, não se vislumbrando óbice à tramitação”. É evidente que
não há nenhum impedimento de ordem jurídica, sendo necessária a nossa análise,
fundamentalmente, Ver. Elói Guimarães, Vice-Presidente da Comissão Especial da
reavaliação do Plano Diretor, que nós passemos a olhar essa matéria sob o ponto
de vista do mérito, do objetivo nela contido. Acho até, Ver. Nereu, que, de
certa maneira, V. Exª está provocando uma necessária reavaliação de um enfoque
que, de forma generalizada, se colocou no Plano e que em alguns casos nós
tivemos a sabedoria de resguardar. Grande parte disso foi feito por Emendas
durante a discussão do Projeto, e em outras vezes nós imaginamos a Cidade pelas
suas características naturais e esquecemos que muitas vezes a urbanização da
Cidade tem alguns impulsos que independem da vontade do legislador ou de quem
estabelece a norma.
Eu tenho muita cautela com aquelas definições
que são apriorísticas. A experiência já nos indicou – e o Ver. Dib, que é o
decano aqui da Casa, junto com o Ver. Elói Guimarães, pode bem confirmar – que
as intenções de fazer em várias áreas de Porto Alegre as chamadas áreas puras,
quer sejam residenciais, quer sejam comerciais, quer sejam industriais, se
manifestaram, na prática, absolutamente inconseqüentes, porque acabam, muitas
vezes, inibindo-se uma vocação natural ou alguma situação especial que surja em
determinada área de Porto Alegre.
O Ver. Sebenelo lembra-se bem, até porque
nós tínhamos pontos de vista antagônicos, da famosa Emenda nº 22 do Plano
Diretor, que nada mais fazia, Ver. Nereu - V. Exª concordou comigo na ocasião
-, do que refletir uma realidade. Uma área que havia sido prevista de área
residencial pura, havia-se transformado em área comercial por motivações
naturais que surgiram. Então o Ver. Nereu explicou-me esse Projeto. Como há
pequenas empresas localizadas nessa área de Porto Alegre, como, por exemplo,
serralherias, pequenas indústrias de fertilizantes, essa não tem condições de
receber o alvará do Município, porque, se for dado o alvará, o Município estará
infringindo a Lei.
Então o que se precisa numa hora dessas?
O recomendável é flexibilizar a Lei. E o Ver. Nereu traz a situação pontual do
Campo Novo, penso eu, da Av. Cristiano Kraemer, que também se reflete numa das
áreas da Cidade. Acho, Vereador, que esse seu Projeto é muito bom, deve,
seguindo a norma natural, ser encaminhado para a nossa Comissão do Plano Diretor,
e eu entendo que deva ser cuidado com muito carinho e com muito interesse, quem
sabe até para viabilizar como tantos outros Projetos que eu estou pugnando
nesse sentido que existe.
Estava hoje, com o Ver. Wilton Araújo,
fazendo um levantamento de uns 10 ou 12 projetos que, necessariamente, nós
vamos ter de enfrentar com urgência para dar condições de, neste ano, a Casa
sobre eles ainda deliberar.
Era isso, Srª Presidente, e muito
obrigado pela tolerância.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTE (Margarete Moraes): O Ver. Carlos Pestana
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CARLOS PESTANA: Srª Presidenta Margarete Moraes, demais
Vereadoras e Vereadores desta Casa, queria fazer alguns registros nesta
primeira Sessão após o resultado eleitoral do 2º turno na nossa Cidade.
Primeiro, é a questão do Fórum, que já
foi esclarecida aqui por diversos companheiros do meu Partido e da Frente
Popular, e já há a manifestação do Prefeito e do próprio candidato Raul Pont
sobre o seu desejo de que o Fórum permanecesse aqui em Porto Alegre. Contudo,
acho que também é importante registrar - e esse debate acabou sendo travado no
2º turno dessas eleições - que a escolha por Porto Alegre, para que fosse a
sede do Fórum no próximo ano, evidentemente havia, sim, uma vinculação de
natureza ideológica. Há, sim, uma opção ideológica, não foi gratuita a escolha
por Porto Alegre. Então, quando o Sociólogo Emir Sader faz essas ressalvas,
evidentemente ele está preocupado, porque havia aqui uma identidade entre a
idéia de que um outro mundo é possível e o Projeto que governou esta Cidade
durante 16 anos. Mas, independente dessa questão, reitero o registro, tanto do
candidato Deputado Raul Pont, bem como do Prefeito João Verle.
O segundo aspecto é sobre o próprio resultado
das eleições, e aí, de pronto, quero felicitar aqui o novo Prefeito José
Fogaça, bem como o seu Vice, Eliseu Santos, pela vitória. Digamos que, embora
tenha sido uma eleição que teve alguns momentos - eu acho que não dá para a
gente esquecer - de uma certa violência atípica em nossa Cidade - não
presenciamos, há muito tempo, aqui em Porto Alegre, depredações de comitês,
agressões a militantes -, mas, contudo, isso não tira a legitimidade do
resultado do pleito. O futuro Prefeito - já dá para se dizer, o Prefeito Fogaça
- foi eleito legitimamente.
Eu acho que o resultado dessas eleições
aqui em Porto Alegre, primeiro, para que a gente compreenda esse resultado, é
fundamental dizer que por trás dele há, sim, o reconhecimento inclusive da
própria oposição, por intermédio do seu slogan,
que a gente fez muitas coisas positivas por Porto Alegre. A idéia do que está
bom fica, e do que está ruim muda, que é uma questão que não deixa de ser uma
chamada um pouco vazia, porque em tese ninguém pode discordar disso, mas na
verdade há, por trás disso, um reconhecimento de que Porto Alegre, nesses 16
anos, produziu um conjunto de políticas e ações extremamente positivas e
construtivas para a nossa Cidade.
Acho que o Partido dos Trabalhadores,
nacionalmente, cresceu tanto do ponto de vista da sua votação, tanto do ponto
de vista do número de prefeitos, como inclusive no número de Vereadores aqui no
nosso Estado. Então, nesse aspecto, embora tenha sido derrotado aqui em Porto
Alegre, no seu conjunto é, sim, um Partido vitorioso, ele cresce nessa eleição.
O terceiro registro que acho importante
trabalhar aqui na minha intervenção, e aí permito-me fazer uma fala não como
Líder da Bancada, mas dar uma opinião mais particular minha, do ponto de vista
de futuro, na discussão que nós vamos enfrentar agora, de uma Bancada e de um
Partido que, evidentemente, vão ser de oposição e que, já nessa discussão de
Orçamento - vou defendendo a minha Bancada -, que sustentem aquilo a que o
candidato José Fogaça se comprometeu: a manutenção do Orçamento Participativo.
Isso se traduz na Peça Orçamentária que nós enviamos para esta Casa que é a
manutenção das prioridades ali estabelecidas. Mas, mais do isso, é assumir um
compromisso de uma oposição que vai defender aquilo que nós construímos nesses
16 anos e aquilo com que o então candidato, José Fogaça, se comprometeu.
É com essa disposição, mas, acima de
tudo, reconhecendo que essa vitória foi legítima, e que, agora, cabe à minha
Bancada, a Bancada do Partido dos Trabalhadores, ter um papel de oposição e
vigilância sobre esse novo Governo que inicia a partir do dia 1º de janeiro de
2005.
(Não revisto pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª
Presidenta, Srs. Vereadores, evidente que o Líder do Partido dos Trabalhadores
tem, hoje, um discurso elegante e ameno. Mas é impossível que não se busque,
agora, a análise das causas que fizeram com que o Partido dos Trabalhadores
sofresse uma acachapante e fragorosa derrota, seja nas grandes cidades do
Brasil inteiro, seja nas cidades importantes do Rio Grande do Sul, como Caxias
e Pelotas.
E ninguém nega que houve uma perda do
discurso insuportável, quando, nas vésperas da eleição, tentando fazer média e
mídia, comunicou um Edital de Concorrência, atendendo a demandas do Orçamento
Participativo de 2001 - nós estamos em novembro de 2004. A perda do discurso
não foi só por não atender às demandas no Orçamento Participativo; foi também
por ter permitido um processo de ideologização, unilateralização e de
contaminação partidária em relação ao Orçamento Participativo. Isso fez com que
se perdesse a credibilidade. A perda do discurso, não é só pelo desgaste, mas é
também pela perda da credibilidade.
Em segundo lugar, houve nesses dezesseis
anos, indiscutivelmente, essa fadiga dos metais, essa quebra das estruturas, em
que atitudes como o abandono da cidade de Porto Alegre, em despachar a Ford
para a Bahia, foram, no mínimo, atitudes violentas e agressivas contra a cidade
de Porto Alegre. E, por fim, nessa mesma ordem, o que houve na cidade de Porto
Alegre - e é essa humildade que não tem o Partido dos Trabalhadores -, é o fato
de saber que houve a formação intensa e volumosa de anticorpos, antiPT, na
intimidade do tecido social, nas favelas, nas periferias de Porto Alegre. Sabem
por quê? Não foi por questão administrativa, não foi porque o Partido dos
Trabalhadores ocupou a Prefeitura. Não. Foi pela arrogância do Partido,
enfrentando da forma mais distante as relações humanas. Simplesmente passaram a
ter o privilégio de serem só eles os que tinham o monopólio do saber e o
monopólio da decência, os outros todos - para eles - são corruptos.
O PT pensa: nós somos decentes, nós somos
transparentes; os outros todos não são sérios, e nós somos sérios. Qualquer
projeto que chegasse, que não fosse da origem, das vísceras do Partido dos
Trabalhadores, era rejeitado imediatamente, como o nosso do Porto dos Casais. E
“sentavam” em cima; esqueciam! Essa arrogância é que foi derrotada!
E essa é a festa da cidade de Porto
Alegre. Porto Alegre está em festa por ter hoje a esperança e a possibilidade
de ter um grande Prefeito.
Outro dia perguntavam aqui da tribuna, e
por que não incluem Olívio Dutra e Tarso Genro entre os grandes Prefeitos,
porque um mandou a Ford embora, e o outro foi-se embora!
Não gostaria de ter dito isso tudo aqui
neste dia de vitória - em que temos duas vitórias: a presença de Fogaça e a
saída do Partido dos Trabalhadores – sobre o modo, entre aspas, arrogante e
petista de governar!
Isso foi uma resposta da sociedade nas
urnas a essa arrogância! E não sou eu quem disse isso. Quem disse isso foi o
comentarista Paulo Sant’Ana; quem disse isso foram as urnas!
É isso que temos de discutir aqui e agora!
Por mais elegantes que queiramos ser, esse episódio do Fórum Mundial mostra até
que ponto vai a arrogância de quem tomou dez a zero! Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion
está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. O Ver. Luiz Braz
está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. O Ver. Professor
Garcia está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. O Ver. Nereu
D’Avila está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. O Ver. João
Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. O Ver.
Renato Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. O
Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente.
O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, a
iniciativa do Vereador Nereu D’Avila, que viabiliza a regularização de
atividades existentes na Estrada Jorge Pereira Nunes, mediante o ajuste do
modelo espacial, não sei qual é a opinião dos Srs. Vereadores e das Sras
Vereadoras sobre Brasília, do ponto de vista humano, do ponto de vista de
circulação, circulação que eu falo relativa a pedestres. Eu acho uma cidade extremamente
cruel, porque estabelece determinadas distâncias, pelo seu caráter de conjuntos
puros, se assim podemos falar, específicos: habitação, área administrativa etc.
e tal. Então, quando trazemos à colação esse grande modelo funcional, não do
ponto de vista estético, que é uma bonita cidade, onde tem ali o gênio de
Niemayer, não é essa a discussão, mas a discussão do ponto de vista humano dos
pedestres, da circulação de pessoas. Trazemos e situamos a cidade mista, essa
sim, na minha opinião com os devidos cuidados, frise-se, com os devidos
cuidados, Ver. Pedro Américo Leal, é a cidade efetiva, é a cidade real, é a
cidade, por assim dizer, que tem as relações humanas preservadas. Pequenos
estabelecimentos, ali está a habitação, ali estão os pequenos serviços, as
pequenas atividades econômicas necessárias ao auto-abastecimento do próprio
sítio, da própria área, da própria região.
Então, esse Projeto exatamente caminha
nessa direção e o que nós temos de fazer, Ver. Haroldo de Souza, com a Cidade,
é exatamente estabelecer as flexibilizações para não tornar a Cidade um
ambiente estanque, separado, com atividades estanques, porque, na realidade,
contraria a natureza e a movimentação humana, e cria problemas de toda a ordem,
do ponto de vista até do fisco, sim; porque na medida em que nós vamos
segmentando a cidade, ou melhor dito, modulando a Cidade de tal forma,
atividades tantas, eu estou me referir, evidentemente, a pequenas atividades.
Evidentemente que não compartilharia habitação com uma fábrica, por exemplo,
não é essa a discussão. Eu me refiro a pequenas atividades: atividades de
conserto, atividade de alimentação, atividade de recreação - que podem conviver
e devem conviver com a própria habitação, dentro dos limites bem regulados, bem
avaliados caso a caso.
A Cidade, portanto, deve ser mista. E
essa é a flexibilização que nós temos que fazer para torná-la ativa,
propositiva, viva, humana, criativa.
Fica a nossa manifestação para nos
colocarmos ideologicamente dentro desse espírito de termos que, aos poucos, ir
alterando o Plano Diretor para tornar a cidade não-compartimentada por essa ou
aquela função - moradia, atividade etc. -, mas uma cidade que se complete nas
suas pequenas atividades.
Portanto, fica aqui, Srª Presidenta e
Srs. Vereadores, o nosso pensamento acerca dessa realidade magnífica que é a
cidade - onde habitamos, onde vivemos, onde criamos os filhos, onde a vida,
enfim, se realiza, onde a vida se produz. A Cidade tem uma função
extraordinária, porque é ali que nós passamos praticamente a nossa vida.
Obrigado, Presidenta.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. RAUL CARRION: Exma Verª Margarete Moraes,
demais Vereadores, Vereadoras, todos que nos assistem, em primeiro lugar,
queríamos registrar, rapidamente, no início da nossa fala, a Exposição
Fotográfica “Cuba ao Cubo”, que estará sendo inaugurada, hoje, às 19 horas.
Tivemos a oportunidade de passar rapidamente por ali, são seus autores: Elen
Maribel de Oliveira, Maria Clara Adams e Rogério Tosca Freitas. Uma bela
exposição e creio que todos aqui presentes se deliciarão ao conhecerem tão
belas imagens. Aliás, pela 13ª vez, a Assembléia Geral da ONU aprovou, por
maioria, o fim do bloqueio econômico a Cuba; dessa vez por 179 a 4 votos,
apenas. Mostrando uma vontade de toda a humanidade, que a verdadeira agressão
econômica que os Estados Unidos fazem, não contra o Governo cubano, mas o fazem
contra o País e o povo cubano, deve acabar de uma vez.
Em segundo lugar, nós queríamos
parabenizar os doze Partidos que compreendem desde o campo conservador,
passando pelos Partidos neoliberais, até chegar aos Partidos de centro, que
foram vitoriosos nessa eleição, elegendo o Prefeito, para os próximos quatro
anos, o ex-Senador Fogaça. Na verdade, depois de inúmeras tentativas
infrutíferas de tentar a conquista da Prefeitura, através de um ataque frontal
às políticas públicas que a Administração Popular - com tanto êxito - vinha
realizando em Porto Alegre, a oposição adotou uma estratégia completamente
diferente, bastante hábil, que foi, em primeiro lugar, de se apropriar das
principais bandeiras da Frente Popular, quais sejam: uma delas, bem conhecida,
a participação popular, o Orçamento Participativo, as Conferências Municipais,
enfim, todos os mecanismos de democracia participativa que complementam a
democracia representativa, não a substituem, e que revigoraram o processo
democrático em Porto Alegre. E, aí, nós assistimos, evidentemente, a oposição,
que durante 16 anos combateu essa política pública da Frente Popular,
converter-se, adotar e tecer as maiores loas a essa participação. Nós,
evidentemente, ficamos contentes que isso ocorra, Ver. Pedro Américo Leal.
A segunda grande bandeira da Frente
Popular, nesses 16 anos, foi a inversão de prioridades. Todos nós sabemos que a
Porto Alegre herdada pela Administração Popular era uma cidade onde os serviços
públicos estavam nos bairros ricos, nos bairros de classe média-alta:
Petrópolis, Centro, Moinhos de Vento, Assunção; e todo o trabalho, nesses 16
anos, foi voltar o Poder Público para as áreas mais necessitadas. Também o
discurso da oposição assumiu essa bandeira, o que é importante.
E por último, nós podemos falar, a outra
grande marca da Administração Popular: o uso - com o máximo cuidado - do
dinheiro público - e, evidentemente, há promessas nesse mesmo sentido.
Poderíamos falar de muitas outras coisas,
como o Fórum Social Mundial, etc. Vimos, no dia de hoje, a oposição trazer os
maiores elogios ao Fórum Social Mundial, em defesa firme do Fórum Social
Mundial.
Ainda, Ver. Gerson Almeida, que alguns só
o vejam do ponto de vista dos ganhos monetários da Cidade; porque o comércio,
os táxis, os hotéis vão ser beneficiados. Nós temos uma visão maior: o Fórum
Social Mundial é um evento mundial, que colocou Porto Alegre no mapa do mundo.
Nós queríamos, com tudo isso, dizer que a
Bancada do PCdoB manterá uma postura de oposição responsável, construtiva,
apoiando todas as medidas que forem para o bem da nossa Cidade e combatendo, de
forma firme, qualquer retrocesso em relação ao que a cidadania de Porto Alegre
conquistou.
Os ganhos desses 16 anos, evidentemente,
não são de um Partido, não são de uma Frente, não são de um campo de forças,
mas são conquistas da população de Porto Alegre, da cidadania de Porto Alegre,
que terá, na Bancada do PCdoB, uma defensora intransigente dos avanços e do
combate a qualquer retrocesso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, não vamos ficar discutindo eternamente o Fórum
Social. O Fórum Social vai ser realizado em 2005 em Porto Alegre. O Prefeito
eleito José Fogaça vai utilizar o recurso orçamentário, criar todas as
condições de infra-estrutura para que ele se realize; e a cidade de Porto
Alegre, no seu conjunto, como já fez em outras ocasiões, vai permitir e vai
contribuir para que o clima da mais ampla liberdade enseje a realização desse
evento.
Mas não vamos ficar só nessa discussão.
Estamos vivendo um período, que hoje se inicia, de transição, e eu quero
tranqüilizar o Ver. Raul Carrion, que fica temeroso que algumas conquistas não
sejam cumpridas, de que a intenção é exatamente o contrário: é de cumpri-las.
Todas essas demandas do Orçamento Participativo sobre as quais se negligenciou
esse tempo todo – as de 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004 -, que sequer começaram a
ser atendidas, haverão de ser atendidas.
Por outro lado, Srª Presidente, é muito
importante que a gente viva esse novo momento que Porto Alegre não havia se
acostumado a viver, essa transição que agora ocorre. Os retos propósitos do
Prefeito eleito têm que ter uma correspondência do Governo que aqui está
estabelecido nos dias atuais. Já começam a pipocar, aqui e acolá, colocações
que não fazem jus ao grau de civilização política que a cidade de Porto Alegre
tem. Agora mesmo, recebíamos em nosso gabinete algumas informações a respeito de
dúvidas quanto à preparação de alguns atos que necessariamente terão de ocorrer
nos primeiros dias do Governo Fogaça, em janeiro ou fevereiro do próximo ano,
tipo – Ver. Wilton – o Carnaval de Porto Alegre, cujo convênio com a Aecpars
ainda não está firmado, e sobre o qual começa a surgir a dúvida se será firmado
ou não neste ano, dado ao fato de que a execução do mesmo se dará no próximo
exercício orçamentário. Evidente que será! Eu tentei, inclusive agora à tarde,
um contato com o Secretário da Cultura - não o consegui -, mas eu não posso
acreditar que ainda haja a menor dúvida quanto a esse particular. É verdade
que, por incompetência nossa ou por supercompetência do PT, por 16 anos a gente
não viveu esse clima de troca de comando, de troca de liderança e até mesmo de
programas de Governo; está-se vivendo agora, e vai-se viver adequadamente. Eu
sei que podem os ilustres representantes do Partido dos Trabalhadores não
estarem satisfeitos no dia de hoje, porque é natural que com o empenho que eles
se jogaram na luta, gostariam de ver um resultado eleitoral diferente. Mas a
verdade é que no final acho que isso até oxigena o projeto do PT na medida e na
proporção em que vamos ter quatro anos para que o PT volte às ruas e perceba as
razões pelas quais a mudança foi autorizada nesse momento, depois de 16 anos de
predominância do Partido dos Trabalhadores.
Eu entendo que esta Casa, onde há
ressonância dos atos públicos e políticos desta Cidade, onde há o pluralismo
democrático por excelência, tem, nesta hora, de dar uma contribuição para que
se ofereça mais uma lição para a nacionalidade, e que corresponda a essa
característica absolutamente consagrada do grau de politização da cidade de
Porto Alegre. Por isso quero, Srª Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores,
reafirmar, não como representante do Governo já constituído, porque fui mero
apoiador, que a nossa proposta, a proposta do Partido da Frente Liberal, do
Partido da Social Democracia Brasileira - que foi sustentada no primeiro turno
por outro nome -, foi encampada em grande parte pelo Governo que se constitui,
mas isso não me autoriza a falar em seu nome. Mas falando em nome do meu
Partido, do meu mandato, eu faço a exortação para que não se derrube essa
tradição secular da política rio-grandense, uma política que viveu longo tempo
na alternância do poder, alternância que se dava a cada quatro anos
administrativos e que, agora, depois de longos anos de predominância absoluta
do Partido dos Trabalhadores e dos seus aliados, vê interrompida essa seqüência,
a qual terá de ser feita dentro da maior civilidade e dentro da melhor tradição
que corresponde à cultura política desta Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Professor
Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. PROFESSOR GARCIA: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, nós vamos, de forma sucinta, utilizar este tempo
de Liderança para esclarecer os Srs. Vereadores quanto às emendas ao Orçamento.
Ficou estabelecido, na reunião da semana passada, que no dia 5, próxima
sexta-feira, às 16h30min, será o último horário para que os Srs. Vereadores
apresentem emendas. Então, nós queremos reafirmar essa questão para que não
fiquem dúvidas. O processo aqui na Casa é simples: até o dia 5 de novembro,
sexta-feira, qualquer Vereador pode entrar com o número de emendas que quiser,
claro que depois passarão pela análise da Comissão. E o processo continua o
mesmo, ou seja, a Relatoria examina emenda por emenda, faz aquela adequação vincular
ao Plano Plurianual e à Lei de Diretrizes Orçamentárias e aí vai para a
aprovação ou não da Comissão. Depois, aqueles Vereadores que não tiveram suas
emendas contempladas e mesmo assim as entenderem pertinentes, podem solicitar o
Destaque da emenda apresentada com a assinatura de dez Vereadores, que será
analisado pela Casa. Um rito nada diferente do que foi até agora. Nós só
gostaríamos de esclarecer, porque alguns Vereadores perguntaram se o prazo não
poderia ser estendido. Esclarecemos que não, pois ficou preestabelecido pelos
membros da Comissão que o prazo será até esta sexta-feira, às 16h30min. Muito
obrigado, Srª Presidenta.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Havendo quórum,
passamos à
(discussão:
todos os Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento:
bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC. N.º 2158/04 –
VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 009/04, que autoriza o Município de Porto Alegre a receber
imóvel da Rede Ferroviária Federal S. A., sito na Rua Voluntários da Pátria, em
dação em pagamento de dívida tributária e dá outras providências.
Parecer:
- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela rejeição
do Veto Parcial.
Observações:
-
para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art.
77, § 4º, da LOM;
-
votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA;
-
incluído na Ordem do Dia em 25-10-04.
Na
apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM
– aprova o Projeto, rejeita o Veto;
NÃO
– rejeita o Projeto, aceita o Veto.
-
Trigésimo dia: 23-10-04 (sábado).
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em discussão o PLE nº
009/04, com Veto Parcial. O Ver. Carlos Pestana está com a palavra para
discutir.
O
SR. CARLOS PESTANA: Verª Margarete Moraes, Presidente desta
Casa, demais Vereadores e Vereadoras, na verdade, eu venho a esta tribuna para
procurar esclarecer o conjunto de Vereadores sobre este Veto que o Prefeito
opôs a uma Emenda que havia sido acordada entre esta Liderança e a Liderança do
PP - Ver. Beto Moesch -, referente à aquisição da área da Rede Ferroviária.
Antes de nós vetarmos, eu procurei o Ver. Beto Moesch no sentido de esclarecer
que aquela Emenda, segundo Parecer da Procuradoria do Município, tinha problema
de competência, porque era competência do Executivo, e assumi o compromisso,
quando do Veto, que, ao mesmo tempo em que estaríamos vetando, estaríamos
encaminhando um projeto de autoria do Executivo com o mesmo teor da Emenda
vetada. Então, esse Projeto já se encontra na Casa para ser analisado pelo
conjunto dos Vereadores, deve estar tramitando na Comissão de Justiça.
O
Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Carlos Pestana, por certo o Prefeito não tomará nenhuma
iniciativa na Rua Voluntários da Pátria enquanto não for aprovado o Projeto
aqui, não é? Ele vai respeitar?!
O
SR. CARLOS PESTANA: Ver. João Dib, eu acho que essa pergunta
é pertinente, e esse esclarecimento também. Naquela ocasião, eu tinha dito ao
Ver. Beto Moesch, quando nós conversamos sobre a questão da obra, que ela teria
um início com a movimentação de terra, mas que não se começaria a construção
das edificações, que isso aguardaria a aprovação do Regime Urbanístico por esta
Casa. A razão, Ver. João Dib, de nós darmos início à movimentação das terras
era justamente para nós não perdermos os recursos externos que subsidiam esse
projeto. Então, para que não se perdesse a obra é que nós estamos dando a ordem
de início, que fica restrita a uma simples movimentação de terra, e,
evidentemente, eu tenho certeza de que esta Casa vai ser célere o suficiente
para que analise e aprove o Regime Urbanístico e aí se pode, efetivamente,
começar as edificações do Projeto Entrada na Cidade, porque ali – acho que é do
conhecimento de todos os Vereadores – foi onde aconteceu a tragédia do incêndio
que acabou destruindo o conjunto de moradias da Vila dos Papeleiros, uma das
vilas mais pobres da cidade de Porto Alegre.
Então, com o objetivo, Ver. João Dib, de
não se perder esse recurso, mas, ao mesmo tempo, respeitar o que foi acordado
com a Liderança do Partido de V. Exª, nesta Casa, é que nós, de um lado,
procuramos respeitar a questão legal que é competência do Executivo, e, de
outro lado, respeitar o que foi acordado com o Ver. Beto Moesch e, por fim,
garantir o recurso que foi obtido através de financiamento externo.
Então, preocupado com essas três pontas é
que se fez esse movimento.
Estamos aqui com o objetivo de esclarecer
o conjunto do Plenário sobre o que foi acordado, e, nesse sentido, dizer que
estamos respeitando rigorosamente o que acordamos com esta Casa e, segundo,
solicitar que esta Casa mantenha, sim, o Veto do Sr. Prefeito, com o objetivo
de que se consiga analisar este Projeto, que, enfim, resolve a questão legal,
porque é de competência do Executivo, no tempo mais rápido possível, porque
existem ali 230 famílias – se não me engano – ou 213 famílias que dependem
dessa obra para, efetivamente, terem uma qualidade de vida superior àquela em
que eles se encontram hoje.
Volto a dizer: é uma das vilas mais
pobres da cidade de Porto Alegre. Essa obra inclusive tem um cronograma já
estabelecido com o Fonplata e com o Ministério das Cidades, que tem de ser
obedecido.
Nesse sentido, é fundamental que se acelere
a análise do julgamento e a deliberação sobre este Projeto, conforme havíamos
acordado com o conjunto de Lideranças desta Casa.
Mais uma vez, aqui, solicito a
compreensão e o apoio de todos os Vereadores, em particular dos Vereadores da
oposição, para a manutenção deste Veto.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Beto Moesch
está com a palavra para discutir o PLE nº 009/04, com Veto Parcial.
O
SR. BETO MOESCH: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, o tema deste Veto, realmente, foi muito polêmico,
quando apresentado como Projeto de Lei, porque visava financiamento para
construir, ou melhor, para que o Município se apropriasse da área da Rede
Ferroviária, na Rua Voluntários da Pátria. E a Câmara de Vereadores, num
primeiro momento, não aceitava isso, em virtude de querer, justamente, saber o
que seria feito daquela área.
Portanto, apresentamos uma Emenda para fazer com que o
Projeto fosse aprovado sobre, justamente, o que seria construído ali, ou seja, que
o seu plano urbanístico fosse aprovado pela Câmara de Vereadores. Então o Veto,
ao nosso ver, pode ser aceito na sua totalidade, porque há um Projeto de Lei
apresentado pelo Executivo que garante a nossa Emenda. Esse Projeto de Lei, que
é o nº 045/04 - que terá que ser diligenciado, mas não é a questão -, diz
(Lê.): “Fica aprovado o projeto urbanístico apresentado pelo Município de Porto
Alegre relativo ao projeto habitacional e edificações de outras naturezas que
se incluem no Programa Integrado Entrada da Cidade, conforme planta anexa, que
faz parte integrante desta Lei”.
Essa área da Rede Ferroviária está dentro do Projeto Entrada
da Cidade. Portanto, a nosso ver, o Projeto não só contempla a Emenda, como vai
além da Emenda, porque o que nós exigimos seria a aprovação do Regime
Urbanístico daquela área da Rede Ferroviária; e o Executivo, a nosso ver,
respeitando esse Legislativo, vai além e pede a aprovação do Regime Urbanístico
de todo o Projeto Entrada da Cidade. Ao menos, é o que nós estamos, Ver. Pestana,
analisando agora. Pegamos o Projeto agora e estamos fazendo uma primeira
leitura dele.
Logo, nós poderíamos aceitar o Veto Total oposto pelo Sr.
Prefeito, para depois esta Casa se debruçar sobre o Projeto de Lei que, volto a
insistir, contempla a Emenda apresentada por nós - e que negociamos com o
Executivo para aprovarmos o Projeto da troca de área da Rede Ferroviária com o
Município de Porto Alegre.
Portanto, o que será construído, o que será feito naquela
área da Rede Ferroviária, será somente após aprovação por esta Casa. A Emenda,
embora vetada pelo Prefeito, está contemplada por este Projeto de Lei. A nosso
ver – eu fui autor da Emenda – nós teríamos condições, tranqüilamente, de
aceitar o Veto Total oposto pelo Sr. Prefeito. Seria essa a explicação que se
deveria colocar às senhoras e aos senhores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Quero citar a presença
do Vereador do PDT de Capão do Leão, Sr. Cláudio Vitória, também do Vereador do
PDT de Ibirapuitã, Sr. Pedro Neri Pacheco e do Vereador do Partido Progressista
de Ibirapuitã, o PP, Sr. Ibanez Portella. Sejam bem-vindos a esta Casa.
O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para discutir o Veto Parcial ao PLE nº 009/04.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, sinto-me no dever de vir à tribuna, eis que tenho
convivido com essa matéria, Ver. Isaac, há mais tempo. Nós discutimos
fortemente essa matéria na Comissão Especial do Plano Diretor e a fórmula que
encontramos, no sentido de aprová-la, foi a Emenda elaborada pelo Ver. Beto
Moesch, que obrigava a Prefeitura a submeter a esta Casa o Regime Urbanístico a
vigorar na área, ontem da Rede Ferroviária Federal, e hoje, segundo consta, já
devidamente integrada ao patrimônio do Município de Porto Alegre.
Quando votamos no Plenário esta matéria,
como era num daqueles dias em que se votavam várias matérias, fiz questão de
vir ao microfone e salientar que o nosso voto havia sido consensualizado diante
dessa circunstância - de que a Emenda assegurava ao Legislativo Municipal a sua
prerrogativa de deliberar sobre o Regime Urbanístico daquela área. Eu fiquei
literalmente surpreso quando, aprovado por unanimidade aquele Projeto, ele veio
vetado parcialmente aqui para a Casa. E fiquei mais perplexo ainda quando vi
que surgia um Projeto com exatamente aquilo que era solicitado, que era
previsto na Lei, que foi fruto da mediação necessária para a aprovação com a
celeridade solicitada pelo Executivo nessa matéria. Agora, surge o esclarecimento:
houve tratativas no sentido de que fosse eliminado aquele dispositivo
consensualizado aqui na Casa, com o compromisso formal do Executivo Municipal
de encaminhar à consideração dos Srs. Vereadores exatamente aquilo que era
previsto na autorização legislativa que nós aqui concedemos ao Executivo
Municipal. Com isso, ainda que por formas não muito convencionais, mas dentro
de um novo ajuste que se estabeleceu, é assegurada, Ver. Ver. Pedro Américo
Leal, a nossa competência de dispor da matéria; e é assegurada, inclusive, a
nossa possibilidade de dispor da forma que o Executivo encaminhou ou de forma
diversa, se nós viermos assim a entender.
Numa primeira passagem de olhos,
parece-me que o Projeto é incompleto, mas isso é um outro departamento. O que
nós queríamos resguardar - a competência legislativa de deliberar sobre o
regime urbanístico da área – está, de forma absolutamente clara, e, sob o
aspecto formal e material, devidamente assegurado. Então, o Veto passa a ser
uma mera filigrana jurídica, na medida em que aquilo que nós colocamos, pela
diligência do Ver. Beto Moesch na Comissão Especial como um compromisso do
Executivo, é realizado, não porque está escrito na Lei, mas porque houve um
concerto, pelo qual isso seria realizado, como efetivamente o foi, com um envio
a esta Casa, de um Projeto de Lei que busca aprovar o regime urbanístico.
Agora, a nossa aprovação ou não, Ver.
Pedro Américo Leal, vai depender de um exame que nós queríamos e queremos
fazer, até com a prerrogativa de, se for o caso, se o regime urbanístico e o
projeto urbanístico que para cá encaminharam não for o mais adequado no
entendimento desta Casa, nós podermos, pela maioria, se assim se entender,
alterar, modificar ou até mesmo complementar.
Dessa forma, toda aquela surpresa, toda
aquela perplexidade que nós apresentamos nos dias anteriores silencia
temporariamente, na medida em que está assegurada ao Legislador a manutenção da
sua prerrogativa de dispor sobre o regime urbanístico dessa área, onde se
pretende, há muito tempo, fazer uma profunda intervenção social e uma profunda
intervenção urbanística. Era isso, Srª Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu também quero citar,
junto aos demais Vereadores, que o Ver. Sílvio Machado, do Partido dos
Trabalhadores de Bagé, e o Ver. Ivan Casartelli, do PL de Bagé, nos honram com
as suas presenças.
(Manifestação inaudível do Ver. João
Bosco Vaz.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Certamente, Ver. João
Bosco Vaz. O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PLE nº
009/04, com Veto Parcial.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidente, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, eu tive a oportunidade de conversar com o autor da Emenda, bem como
com o Vereador Líder do PT. Penso que, apesar da dificuldade que eu tinha, é
possível aceitarmos o Veto na medida em que, Ver. Carlos Pestana, existe um
Projeto que submeterá à Câmara um projeto urbanístico relativo à questão
habitacional daquela área.
Eu tenho um pensamento, e o externo sem
dificuldade nenhuma, absolutamente nenhuma: eu acho que existem áreas, Ver.
Gerson Almeida, que têm valor econômico altíssimo, e que a sua utilização para
determinadas finalidades poderia permitir que se dispusessem outras áreas com
padrão, com condições absolutas, que não aquelas como as dessa área da Viação
Férrea, que é no Centro de Porto Alegre. “Ah, mas nós temos de segurar ali este
ou aquele grupo habitacional”. Eu acho que nós ganharíamos muito se
revisássemos essas coisas. Nada contra a pessoa ser humilde; não está em jogo
isso, mas está em jogo uma questão, uma visão de ordem econômica, sim, de
ganhos. Para quem? Para a população, sim. Por que, vejam bem, um terreno
naquela área? Compraríamos em lugares onde moram, onde moramos! Compraríamos
um, dois, três, quatro, 10 terrenos. Veja V. Exª! Então, não seria de nós
pensarmos na questão do papeleiro? Mas isso aí se ajusta, buscam-se
alternativas.
Então, a minha questão nessa matéria é de
fundo, não é uma questão meramente ligada ao Veto - vou votar favoravelmente.
Agora, nós vamos ter de discutir esse novo Projeto, e, na minha opinião, vou
defender essa tese, tanto quanto possível, de buscarmos, ali, rentabilizar para
ganhar para mais pessoas, em áreas em que nós moramos. A maioria de nós mora em
lugares dignos, e trabalhadores também residem, mas trata-se de uma área, vamos
dizer assim, que tem valor.
O
Sr. Gerson Almeida: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Caro Ver. Elói Guimarães, eu estou acompanhando a sua intervenção e
acho que ela tem uma racionalidade e uma preocupação de buscar soluções
melhores, mas eu lembraria que a nossa experiência, ao longo desses anos, de
construir conjuntos habitacionais, que já temos experiência de diversidade
grande, tem demonstrado que esse tipo de população, especialmente os que vivem,
os que têm como atividade econômica, aqui nesse caso, quase que em grande
parte, senão na totalidade, a venda e reciclagem do papel e papelão, quando,
junto com a questão habitacional, não se está vinculando a uma atividade de geração de renda, o que acontece é
que aquelas casas, apesar do grande esforço do Poder Público e da Cidade de
dotar casas com a infra-estrutura para esses cidadãos, acabam tendo uma
rotatividade muito grande, porque as pessoas querem menos estar em uma casa com
infra-estrutura adequada e mais estar com a viabilidade da sua atividade
econômica cotidiana. Então, esse foi o centro da idéia de colocá-los ali
fixados, muito próximos da sua atividade econômica, de trabalho, porque, a
longo prazo, talvez essa rentabilidade que o senhor coloca se compense, vamos
dizer assim.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: É um debate interessante esse; recolho o
aparte de V. Exª, e estou encerrando. Eu já me havia manifestado antes das
eleições – é bom que fique bem claro isso: antes das eleições eu já havia
manifestado esse ponto de vista, que eu reitero – e acho que é um debate que
nós temos de fazer, no sentido de ganharmos com isso, na visão deste Vereador.
Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Registramos que cinco
Vereadores hoje nos dão a honra de suas presenças: a Verª Loreni Bach, do PDT
de Lagoa Bonita do Sul; o Ver. Ari Kroth, do PDT de Dilermando de Aguiar; o
Ver. Adão Trindade, do PP de Dilermando de Aguiar; o Ver. José Antonio Carvalho,
do PP de Santana da Boa Vista e o Ver. Luiz Guarienti, do PDT de Lagoão. Mais
uma vez, é uma honra recebê-los na nossa Casa.
O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para discutir o PLE nº 009/04, com Veto Parcial.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes,
Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, minhas senhoras e meus senhores,
como eu disse antes, hoje a Guarda Municipal faz 112 anos, e o Sr. Raul Pont
diz que criou a Guarda Municipal. O primeiro trecho pronto da Perimetral foi
entregue no dia 30 de dezembro de 1983, às 11h30min, por este Vereador, então
Prefeito; ele disse que iniciou as obras da 3ª Perimetral.
E aqui nós temos a mesma coisa. A
Liderança do Partido acertou que a Emenda seria aceita; nós confiamos,
aprovamos o Projeto, porque o Líder é um homem sério, responsável, competente,
e não faria aleatoriamente uma afirmação que depois não pudesse cumprir. É tão
difícil construir o simples que ninguém mudou a música “Parabéns a Você”. Todas
as pessoas, dos dois aos 90 anos, cantam a música “Parabéns a Você”, porque é
música simples e é difícil fazer uma que tenha tanta popularidade. Ora, não
seria muito mais simples a S. Exª, o Sr. Prefeito Municipal, com todo o seu
Secretariado lá, com toda a sua Procuradoria, apenas aceitar a Emenda proposta
e mandar o Projeto de Lei? Porque agora nós estamos aqui trancados, se não
votar isso hoje, nós não fazemos mais nada. Então, diz o Prefeito que: cabe
ressaltar que compete ao Executivo Municipal dispor sobre o tema tratado no
parágrafo único do art. 1º, que ora é vetado de acordo com o que impõem as
normas insculpidas nos artigos 8º e 94 da Lei Orgânica do Município de Porto
Alegre”. Mas na Lei Orgânica do Município de Porto Alegre há muitas coisas que
o Prefeito não respeita, que a Administração prefeitoral não respeita. E agora
nesta aqui ele quer ter a iniciativa. Nós também tivemos um Projeto semelhante
aqui, e aprovamos uma Emenda para que ele pagasse o passivo previdenciário para
o Previmpa; ele vetou e depois mandou fazer um Projeto de Lei semelhante. É
verdade que vetou 24 meses e propôs o pagamento em 36, mas sabia ele que esta
Casa não votaria, e, enquanto não votar, ele não tem de pagar. Ele está
guardando dinheiro em CDBs. E agora ele quer fazer na Rua Voluntários da Pátria
- rua pavimentada em concreto, rua que tem comércio tradicional, rua que tem
utilidade para arrecadar consideráveis impostos prediais e territoriais urbanos
-, a Vila dos Papeleiros.
Eu pedi um aparte ao nobre Ver. Carlos
Pestana, dizendo que não acredito que ele vá iniciar alguma obra lá sem que o
Projeto que ele encaminhou seja aprovado aqui. E nós não vamos aprovar a
criação de uma Vila na Rua Voluntários da Pátria, porque é desamor à Cidade, é
desrespeito à Cidade e é apenas fazer aquilo que eles fazem sempre, ou seja,
construir projetos como este para desvalorizar o entorno. Veja-se a Vila
Planetário, veja-se o Albergue da Av. Getúlio Vargas com a Av. Érico Veríssimo,
em um terreno de mais de 1 milhão de reais, fazem um albergue. Numa área não
permitida, ele faz o Projeto Renascença, de forma ilegal; a Vila Planetário, e
em todos eles desvalorizaram o entorno; na Rua Dona Eugênia, num terreno
interno, eles fazem 18 prédios de 32 metros quadrados para desvalorizar o
entorno! Parece que essa é a sua preocupação; não é resolver o problema do
pobre, porque, se for para resolver a separação do lixo, vamos colocar lá mais
longe, onde o acesso de carroças - a “capital mundial da carroça” é Porto
Alegre - possa ser feito.
Eu acho que eles têm sempre a primeira e
a última palavra, por isso eles começaram a Perimetral; não fui que comecei a
Perimetral, não foi o Villela, antes de mim, que a começou. Por isso eles
fundaram a Guarda Municipal, que hoje faz 112 anos; é por isso que eles são os
donos da verdade. Essa história de Lei Orgânica só quando lhes é favorável,
porque, no mais, eles passam por cima. Veja-se a substituição do Prefeito pelo
Procurador-Geral do Município. Saúde e PAZ!
(Não revisto pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir o
PLE nº 009/04, com Veto Parcial.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Srª
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, inscrevi-me preocupado
com algumas falas dos colegas que, do meu ponto de vista, Ver. Goulart,
revertem um acordo feito nesta Casa e uma garantia dada aos moradores da Vila
dos Papeleiros.
Fiquei com dúvida: será que, a partir da
eleição, muda o discurso? E a garantia de construir as casas populares para os
moradores, lá na área da Rede Ferroviária, se altera? Será que a possibilidade
de construir o condomínio chamado Zero Hora para os moradores ali do terminal
Azenha se altera? Será que, caindo a máscara, o discurso é esse mesmo? Será que
morador pobre tem de morar na periferia? Que a carroça, como está no Código,
não é um veículo aceitável, não sustenta dezenas de milhares de famílias desta
Cidade? É uma preocupação que vem à minha cabeça. A discussão deste Veto não
pode, em nada, alterar o acordo desta Casa de garantir que os moradores da Vila
dos Papeleiros, que pegou fogo, tenham suas casas urbanizadas naquele local,
construídas, e que venham a construir o futuro das suas famílias naquele local.
A possibilidade de reversão desse acordo é um prejuízo para a cidade de Porto
Alegre e é um prejuízo para este Parlamento.
Os discursos que eu ouvi aqui em relação
a este Veto me preocupam, e muito, Ver. Dr. Goulart, porque podem estar
demonstrando que o futuro da Administração Municipal está colocado no debate de
que morador pobre não pode morar no Centro da Cidade. A Vila Planetário - e foi
dito aqui nesta tribuna - foi um equívoco. Buenas,
se esse é o discurso, eu já me antecipo, convidando os moradores da Vila dos
Papeleiros, os moradores da Vila Zero Hora a virem a esta Casa e questionarem
de todos os colegas onde está mesmo a coerência do Parlamento Municipal.
Nós votamos nesta Casa a garantia de que
o Projeto Habitacional no Programa Entrada da Cidade seria construído naquela
área da Ferroviária. E acho que qualquer retrocesso nisso - qualquer retrocesso
- é uma perda para a cidade de Porto Alegre e é uma perda para os moradores da
Vila dos Papeleiros.
Eu encerro dizendo isto: preocupa-me
muito que, na votação deste Veto, caia a máscara, e alguns já começam a fazer a
discussão, alguns já começam a “entregar o ouro ao bandido”, dizendo que não é
bem assim e que a discussão da alocação dos moradores lá na Vila dos Papeleiros
não é bem assim, tem que ser uma discussão mais profunda.
O
Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Renato Guimarães, se V. Exª prestasse a atenção no que
eu falei, veria que eu não falei no Conjunto Zero Hora. Em segundo lugar, eu
não conheço, neste Plenário, nenhum acordo de utilização daquela área para
reconstruir a Vila dos Papeleiros. Reiteradas vezes, fui à tribuna e disse...
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Eu sabia que ouviria isso de sua parte:
o desconhecimento do acordo. É sempre assim, na hora H desconhece o acordo para
poder, na hora de votar, dizer que não estava garantido aos moradores da Vila
dos Papeleiros o direito de permanecerem na Rua Voluntários da Pátria.
Portanto, Ver. Raul Carrion, temos de
estar muito alerta para a garantia dos direitos dos cidadãos que moram na Vila
Zero Hora, no condomínio que está sendo feito no Terminal Azenha, na Vila dos
Papeleiros e em outras vilas de Porto Alegre. A máscara está caindo, e o Ver.
João Antonio Dib prova isso com o seu discurso. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Realiza-se, neste
momento, na Casa, o Seminário “Comunicação e o Legislativo Municipal”; trata-se
de uma promoção da Associação dos Servidores de Câmaras Municipais, contando
com palestrantes relevantes, como é o caso do Jornalista Geraldo Canali, da
Rosane de Oliveira, do Felipe Vieira, do Clóvis Duarte, e de tantos mais.
É por isso que hoje temos a alegria de
receber todos estes Vereadores.
Gostaria, também, de registrar a presença
de dois Vereadores do Município de Entre Rios do Sul: Sr. Jandir Zurauski e Sr.
Itamar Gaboardi, Presidente e Vice-Presidente, respectivamente, da Câmara
Municipal daquela Cidade, ambos do PMDB.
O Ver. Raul Carrion está com a palavra
para discutir o PLE nº 009/04, com Veto Parcial.
O
SR. RAUL CARRION: Exma Verª Margarete Moraes,
Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, todos que prestigiam esta Sessão,
possivelmente não usarei os cinco minutos, mas gostaria, em primeiro lugar, de
dizer que concordamos com o Veto, portanto manteremos o Veto - a Bancada do
PCdoB -, e entendemos que houve uma negociação, em que está garantido, através
de um Projeto que o Executivo está enviando, que sejam colocadas as
preocupações que a Emenda da Câmara incluiu, mas que, do ponto de vista da
iniciativa, teria problemas de legalidade.
Mas nós queríamos também dar a nossa
opinião sobre a destinação dessa área, ainda que não seja neste momento, porque
o projeto urbanístico virá para esta Casa, e nós queremos lembrar, Ver. Dib, o
artigo 208 da nossa Lei Orgânica, que trata da questão urbanística e que diz o
seguinte: o estabelecimento de diretrizes e normas relativas ao desenvolvimento
urbano deverá assegurar - então o que a nossa Lei máxima, a Constituição do
Município diz: (Lê.) “Inciso I: a urbanização, a regularização e a titulação
das áreas faveladas e de baixa renda, sem remoção de moradores, exceto em
situação de risco de vida ou à saúde [que não é o caso], ou em caso de
excedentes populacionais que não permitam condições dignas à existência, quando
poderão ser transferidos, mediante prévia consulta às populações atingidas,
para área próxima, em local onde o acesso a equipamentos e serviços não sofra
prejuízo, no reassentamento, em relação à área ocupada originariamente”.
Por que o legislador teve essa
preocupação e está Casa aprovou? Há o entendimento de que a solução dessas
áreas ocupadas não é a expulsão dos moradores para as periferias, por mais
simples e humilde que seja essa população. E, no caso dos papeleiros, Ver.
Pujol, há mais uma razão: nós sabemos que a atividade econômica, a sua
sobrevivência, depende da proximidade da área central.
Então, um simples reassentamento na
periferia da Cidade, que pode parecer uma solução mais econômica para o leigo,
na verdade acaba sendo mais onerosa, porque a prática tem sido, dessas
populações de papeleiros, caso sejam afastadas da área central, de elas venderem
o seu Direito Real de Uso ou a sua propriedade e se deslocarem novamente para
novas áreas centrais e as ocuparem. Então nós criamos um circulo vicioso em que
ninguém ganha. Por isso, me parece justa, correta, adequada a visão que a
Administração Popular tem defendido de que nesse caso também as populações
pobres têm direito à área nobre da Cidade. Elas não devem ser segregadas
geograficamente e jogadas para os municípios vizinhos ou jogadas para a
periferia. Eu tenho certeza que esta é uma das coisas boas que deve ficar e que
não deve ser modificada. Por isso eu tenho certeza que tanto esta Casa como a
futura Administração, Ver. Renato Guimarães, manterá essa filosofia
urbanística, que é uma filosofia urbanística de inclusão social, Ver. Ervino, e
não de exclusão social. Tenho certeza de que o Ver. Ervino será outro Vereador
que estará junto conosco para evitar o retrocesso, como nós dissemos aqui,
porque, agora, no concreto e no dia-a-dia é que nós vamos separar o joio do
trigo, ou seja, as promessas dos compromissos reais. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra para discutir o PLE nº 009/04 com Veto Parcial, por
cedência de tempo do Ver. João Carlos Nedel.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, minhas senhoras e meus senhores, ninguém nesta
Casa, nem fora dela, poderá dizer que eu apresentei dois discursos diferentes.
Eu me considero um homem inteligente, um político inteligente e os inteligentes
não mentem, não têm dois discursos para não serem contestados. Então, eu não
vou aceitar as provocações do jovem Renato Guimarães, que sabe por que eu
voltei para esta Casa pela nona vez: é porque eu sempre fui sério nos meus
pronunciamentos, independente de quem seja o Prefeito, independente de quem
mande na Prefeitura. Para mim, existe o certo e o errado.
Falei na Vila Planetário, falei, sim.
Entrei na Justiça para impedir a construção da Vila Planetário, e, por duas
vezes, parei a obra. Por duas vezes parei a obra! Eu confio na Justiça, é
claro, mas não tenho culpa se engenheiros menos sérios, menos dignos do
juramento de um engenheiro, atestaram que aquela área não era urbanizada. Tinha
água, luz, esgoto, iluminação pública e pavimento, mas dois engenheiros da
Prefeitura atestaram que a área não era urbanizada e o Juiz julgou. Ou alguém
me dirá que a Vila Renascença ou Lupicínio Rodrigues estava em área não
urbanizada no dia 31 de janeiro de 1989? Eu não sou um tolo! Eu sou um
indivíduo que é Vereador sete dias por semana; e que acompanha as coisas que
aqui acontecem. Não houve nenhuma votação neste Plenário para dizer que lá
seria feito o que pretende o Prefeito fazer. Ao contrário, nas três vezes em
que eu vim discutir a Pauta - e discuto sempre - eu ainda citei um exemplo:
aqui ao lado, no Ministério da Fazenda, tem uma série de casebres que eu peço a
Deus para que nada ocorra. Agora, se queimar, nós faremos, então, casinhas de
32 metros quadrados para cada um deles. Será que é assim? Será que dirigir uma
cidade é isso aí? Não, não é isso aí. O terreno é supervalorizado. Quando se
quis fazer a Pista de Eventos na área da Viação Férrea, a alegação é de que a
Prefeitura não poderia pagar a área para a Viação Férrea. Agora, está recebendo
por conta de dívidas da Viação Férrea para fazer, num terreno de um milhão e
600 mil reais, local para coleta e seleção de lixo. Até aí a Prefeitura está
equivocada, porque o Código de Limpeza Urbana diz que a ela cabe a destinação
final do lixo, e não ao papeleiro, que tira um pedaço para cá, e outro, não sei
para onde vai.
O
Sr. Raul Carrion: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Dib, eu só gostaria de esclarecer que a destinação para os
papeleiros de um projeto de construção de habitações, não se deu por conta do
incêndio. Foi o Programa Integrado Entrada da Cidade, longos anos maturado, que
vai atingir três mil famílias, e simplesmente pela fatalidade do incêndio, foi
acelerada a entrega. Então, não é porque incendiou que vão fazer jus às
casinhas, mas sim, porque, dentro de um planejamento e uma ampla discussão na
Cidade, foi aprovada casa para os papeleiros, que são cidadãos, que são, aliás,
os primeiros ecologistas na prática.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Dentro desse planejamento da Entrada da
Cidade, que tem recursos em todas as Secretarias do Município, poderiam ser
deslocados eles também. Não há por que deixá-los na Rua Voluntários da Pátria.
Queimou. Foi a Prefeitura quem mandou queimar? Acho que não. E agora já estou
duvidando, pelas colocações que me fazem aqui. Das palavras que eu digo, eu
também sou obrigado a fazer, de repente, algumas insinuações e, talvez, me
entendam melhor. É claro que a Prefeitura não mandaria queimar. Mas já que
brincam de fazer as coisas, deixa eu fazer um pouquinho, para que eu tenha
paciência para ficar ouvindo todos os discursos que são feitos aqui.
Lamentavelmente, Ver. Ervino Besson, já falei pela segunda vez, e não será
possível fazer a terceira, mas eu agradeço a disposição de V. Exª em me ceder o
tempo. Mas eu acho que nós vamos chegar, realmente, ao Veto do Prefeito que vai
passar sem dúvida nenhuma. Saúde e PAZ!
(Não revisto pelo
orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Quero registrar a
presença do Vereador do PSDB de Belo Oriente, do Estado de Minas Gerais, Sr.
José Hermógenes Filho. Seja bem-vindo.
O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para discutir o PLE
nº 009/04, com Veto Parcial.
O
SR. GERSON ALMEIDA: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, a rigor, me parecia que era uma discussão mais
tranqüila, já que houve acordo com o proponente da Emenda para acatar o Veto do
Sr. Prefeito em função das razões já colocadas aqui, expressas tanto pelo Líder
da nossa Bancada, quanto pelo Líder da Bancada do PP. Mas de qualquer maneira,
o debate que se seguiu me parece que não se trata de dividir quem é sério de
quem não é sério. Mas, a rigor, é uma discussão sobre conteúdo, sobre a forma
de como tratar a questão da habitação e da habitação popular na cidade de Porto
Alegre, que é efetivamente um dos orgulhos da Administração Popular e que foi o
fato de estabelecer, ao longo desses 16 anos, um conceito de que não deve haver
a cidade dos pobres e a cidade dos ricos. E que não deve haver uma geografia
social que separe em muros invisíveis onde moram os pobres e onde moram os
ricos; e, sim, uma cidade inclusiva, que tenha espaço para todos e que a
pluralidade social, o encontro que a própria cidade permita, possa estabelecer
uma interação muito superior.
Portanto, construir uma cidade para
todos, inclusive geograficamente onde eles possam, não só nos parques, nas
praças, nos espaços públicos, mas na própria urbanização da cidade,
possibilitando haver segmentos dos mais diferentes, convivendo, dividindo
espaços e aprendendo, no cotidiano, a estabelecer suas relações de convívio
social. Foi assim na Vila Planetário, foi assim em tantos outros conjuntos
habitacionais, está sendo assim na Vila Zero Hora e também ali, na Av. Princesa
Isabel, onde um extraordinário prédio está praticamente na sua fase final de
construção, e é assim na chamada Vila dos Papeleiros. Pessoalmente, eu estive
envolvido com essa situação, porque era Secretário de Governo no período em que
a tragédia lá se abateu, felizmente sem nenhuma vítima. E aí, como muito bem
disse o Ver. Raul Carrion, não foi o incêndio que construiu a solução
urbanística, Vereador Dib, V. Exª bem sabe disso, mas o incêndio fez com que a
Prefeitura Municipal e a Cidade - que deu um extraordinário respaldo que foi
inclusive objeto de emoção para este Vereador, porque as doações e a
solidariedade foram em quantidade muito superior à necessária para atender
emergencialmente àqueles cidadãos - se enlaçassem para construir uma solução
imediata, emergencial e permanente. E com o apoio do Ministro das Cidades e da
Caixa Econômica Federal, conseguimos antecipar a construção daquelas casas, que
é agora uma das partes legislativas que estamos discutindo, que é a cedência da
área do terreno.
Portanto, acho, pelos pronunciamentos
colocados aqui - que eu respeito -, que eles demarcam uma visão de cidade que
começa a mostrar diferenças, e eu não sei se são diferenças absolutas, até
porque o debate tem que se desenvolver, e nós teremos um longo período para
discutir isso. Agora me parece, Ver. João Antonio Dib, e eu acredito que V.Exª
vai concordar comigo, que não se trata de certo ou errado; trata-se de opiniões
distintas, e nós, ao longo desses 16 anos, optamos claramente por uma posição:
não vai existir a cidade dos pobres e a cidade dos ricos, nós temos de fazer uma
cidade da diversidade.
Portanto, o nosso critério não é o
critério de quanto vale o terreno, porque se ele vale muito então tem que ser
para setores abastados ou não, o nosso critério é: esse terreno está ocupado,
aquelas pessoas já construíram as suas relações culturais e sociais com a
Cidade ali, aquela área é fundamental para sua atividade econômica. Por que
deslocá-las então para a Restinga ou para lugares mais longe? E depois fazer
com que, em poucos meses, pela ausência de condição material de serviço e de
trabalho, de geração de renda, aquelas pessoas sejam obrigadas a abandonar o
sonho da casa própria, porque tiveram que escolher entre casa própria ou renda,
ou condição de trabalho. A posição da Prefeitura, da Administração Popular, é
juntar as duas coisas: que o sonho da casa própria, digna, e a capacidade de
geração de renda e trabalho possam se fundir numa mesma região; e naquele caso,
são papeleiros que trabalham com reciclagem, trabalham com uma função
fundamental para a Cidade, que é a questão ambiental, trabalham com a
reciclagem de materiais, e a reciclagem no Centro da Cidade, único Bairro onde
não há serviço regular de coleta seletiva exatamente para respeitar a atividade
econômica de centenas de pessoas que vivem da reciclagem de lixo.
Por isso, Ver. João Antonio Dib, me
parece que essa questão, esse veto, esse debate, encerra talvez uma questão de
fundo, que pode se desdobrar em outros tantos projetos. Que Cidade nós
queremos, a Cidade que segrega ou a Cidade que integra? Parece-me que esse é um
dilema que nós vamos ter de discutir ao longo do próximo período, e eu acredito
que o novo Governo, a quem saúdo, quer, também, uma Cidade que integre. Afinal,
foi esse o discurso que ele fez ao longo do tempo, e eu acredito no discurso
que ele fez.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Verª Sofia Cavedon
está com a palavra para discutir o PLE nº 009/04, com Veto Parcial.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes,
colegas Vereadores, ouvintes da TVCâmara, esse é um dos temas exemplificativos
do nosso jeito de governar, e, com certeza, nós vamos ter, aqui, inúmeros
debates no próximo período e durante o próximo Governo dessa Cidade.
Nós dizíamos, na campanha, que não se
poderia afirmar nem assumir o discurso de que se manteriam as coisas boas, de
que se respeitaria o conjunto de políticas que a Cidade havia conquistado - que
iriam desde a área da gestão, da questão da democracia, até a forma de governar
inclusiva, que trata todos os cidadãos da mesma forma -, com um conjunto de
Partidos que, aqui na Câmara, demonstrava discordância do Orçamento
Participativo, discordância de políticas como essa, que são políticas
afirmativas da cidadania de quem sempre esteve à margem dos direitos sociais,
como o direito de morar, de morar bem, de morar no Centro, de viver a Cidade,
de manter o seu ganha-pão. Mas foi esse, senhores, o projeto que saiu vencedor
nas urnas. Na verdade, não foi um voto na mudança; foi um voto na continuidade.
Tanto os milhares de votantes que votaram em Raul Pont, quanto os outros
milhares de votantes – um pouco mais – que votaram em Fogaça, votaram na
continuidade do projeto. Porque, afinal, o projeto foi integralmente assumido
pela oposição. E eu vou lembrar sempre, aqui, senhores colegas, Vereadores da
oposição, que vocês assumiram, nesta campanha, o projeto em curso da
Administração Popular, que vocês assumiram a democracia participativa, que
vocês assumiram a marca do Fórum Social Mundial, que está sendo reivindicado
para que fique em Porto Alegre; porque esta Cidade fez uma opção pela esquerda,
fez uma opção pela inclusão.
(Aparte anti-regimental do Ver. João
Bosco Vaz.)
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Não, Ver. João Bosco, já lembro aqui,
porque esse é um dos temas emblemáticos, lembro que vocês assumiram esse
compromisso com a população. Os Partidos que compuseram o tal "partido da
mudança" assumiram o compromisso de manter uma cidade inclusiva, uma
cidade da participação popular, uma cidade em que as políticas públicas estão
voltadas para quem precisa. São palavras do Prefeito eleito, Fogaça:
“Governarei para quem precisa”.
Então, estejam, senhores das Bancadas que
compuseram o Partido da Mudança, à altura do discurso e das promessas do
Prefeito eleito.
O
Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Nobre Verª Sofia Cavedon, uma das maiores reclamações do Programa
Entrada da Cidade foi a falta de plantas para que o Legislativo pudesse
analisar, mas o Legislativo não queria impedir que viessem recursos para que a Administração
continuasse fazendo a sua obra. Isso é bom entender. Não havia plantas!
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Houve aqui, Ver. Dib, nesse período da
campanha - até respeito que se peçam mais informações - um protesto em relação
ao conjunto habitacional da Azenha, da Vila Zero Hora, e todos vocês deram
guarida ao protesto dos moradores da Santana, e não era em relação a plantas,
era um protesto em relação aos novos vizinhos.
O
Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Eu quero dizer a V. Exª - e não vai nenhuma crítica pessoal,
porque eu tenho enorme respeito político pelo seu perfil e pelas bandeiras
pelas quais V. Exª luta, embora em algumas delas, como na questão do ciclo, eu
tenha uma divergência com V. Exa - o seguinte: ninguém tem o direito de se
arvorar de dono de algum projeto, de alguma idéia, sobretudo com relação à
participação popular, cujo princípio, cujas propostas estão inscritas na
Constituição Cidadã, de 1988. Efetivamente, implantou-se aqui uma experiência
boa, a do Orçamento Participativo, mas que V. Exª sabe que impõe e exige
inúmeras correções, que existem distorções que ocorreram, sobretudo, na questão
de cima para baixo, sobretudo na questão da tutela que o Gabinete do Prefeito,
nesse período todo, exerceu sobre o Orçamento Participativo. Sou grato a V.
Exª.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Bosco Vaz
se inscreve e cede o seu tempo à Verª Sofia Cavedon, o Ver. Luiz Braz estava
inscrito, mas, certamente, permitirá que ela complete seu raciocínio. A Verª
Sofia Cavedon está com a palavra por mais cinco minutos.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Muito obrigada, Verª Margarete. Fico
feliz que o Ver. Isaac Ainhorn já expresse aqui uma nova forma de se relacionar
com o Orçamento Participativo, dizendo que é uma experiência boa e que precisa
ser melhorada. De fato, esse é o perfil do Orçamento Participativo; todo o ano
ele repactua, os cidadãos de Porto Alegre repactuam o seu funcionamento, já
muitas vezes foram modificados os regimentos internos do Orçamento Participativo
pelos próprios conselheiros. Nós estaremos muito ativos em acompanhar e
participar do Orçamento Participativo, que, certamente, o novo Governo honrará
e revitalizará, se for o caso. Nós, inclusive, esperamos que na discussão e na
votação do Orçamento, agora, na seqüência, seja profundamente respeitado pelo
conjunto dos Vereadores, porque é resultado desse Orçamento Participativo
assumido integralmente pela oposição que ganhou a eleição.
Eu tenho certeza de que nós vamos ter
também uma outra novidade muito interessante, o conjunto dos Vereadores de
oposição que, em raras situações, eu diria talvez o Ver. Sebastião Melo, o Beto
Moesch, que disse que antes de ser Vereador participava do Orçamento
Participativo - como conselheiro, claro, mas como Vereador eu não lembro, Ver.
Beto Moesch. Mas eu quero dizer que, de forma geral, a regra era o conjunto de
Vereadores da oposição não participar dessa rica experiência assumida
integralmente pelo Governo eleito.
Então, nós estaremos aqui acompanhando,
porque eu acho que é muito importante, pode parecer irônico, mas é fundamental
a gente registrar isso, porque, na minha avaliação, esse foi um dos elementos
que contribuíram decisivamente para o pleito se deslindar dessa maneira: pela
primeira vez – vejam vocês – o conjunto das aposições assumir o Projeto. Porque
foram quatro eleições, e nessa em que tiveram sucesso, o tiveram porque
assumiram para si o Projeto em curso, assumiram para si a Cidade em curso,
assumiram e reconheceram uma nova cultura constituída em Porto Alegre. E eu
lembro que dentro dessa cultura está a inclusão de quem estava à margem, a
inclusão plena de quem estava à margem - e isso nós vamos esperar do novo
Governo.
O
Sr. Raul Carrion: V. Exª me permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Ilustre Verª Sofia Cavedon, depois de todas essas
declarações, como V. Exª diz, de apoiamento a essa política de 16 anos
implantada, já fico na dúvida sobre quem venceu. Obrigado.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Eu queria acrescentar, Ver. Carrion, em
relação ao tema em questão, que é muito importante que os Vereadores visitem
aquele espaço lá, porque, desde o acidente do incêndio, muitas medidas foram
tomadas, entre elas a troca do terreno, o desenvolvimento mais rápido do
Projeto, a modificação do Projeto Entrada da Cidade para priorizar aquela área,
porque havia um outro cronograma. Houve também uma organização nova para os
galpões que lá existiam, porque aquilo ali parecia uma desordem. Quem olha de
fora não sabe que atividade econômica importante há naquele local.
O Sr. Antônio, papeleiro, Senhores - que
é o Presidente da Vila dos Papeleiros, é um Conselheiro do Orçamento
Participativo, vocês vão conhecê-lo de perto -, foi a Paris! Ele foi a Paris a
convite de instituições da França, tudo pago por instituições da França, para
relatar a sua experiência de participação e cidadania, Ver. João Bosco Vaz. Foi
emocionante. Ele relata que, contando para um plenário enorme em Paris, sendo
traduzido, as pessoas começaram a chorar, emocionadas. Então essa é a marca da
inclusão. E, hoje, nós conseguimos trocar, logo depois do incêndio, um espaço
ali próximo, onde foram organizados quatro ou cinco galpões de reciclagem, que
estão funcionando. Aquelas pessoas vivem da reciclagem. A CGTEE doou prensas,
doou novos instrumentos, o Governo Municipal buscou parcerias para que haja uma
melhoria na geração de renda, na produção dos papeleiros, que são pessoas
maravilhosas, via de regra.
Então esta Cidade vai ganhar com esse
lindo Projeto. Eu tenho certeza de que esta Câmara vai acompanhar de perto e
que o novo Governo vai fazer com que a gente tenha, mais uma vez, nesta Cidade,
outra marca importante da inclusão e da capacidade de governar para quem
precisa. Obrigada.
(Não revisto pela
oradora.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu quero comunicar aos
Vereadores que às 18h30min a Sessão deverá necessariamente ser prorrogada.
O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
discutir o PLE nº 009/04, com Veto Parcial.
O
SR. LUIZ BRAZ: Vereadora Margarete Moraes, Presidenta
desta Casa, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, senhoras e senhores, este Veto
que nós estamos votando hoje, na verdade, não vai determinar o zoneamento ou o
novo zoneamento que deve ser dado àquela região. Todos nós sabemos que os
zoneamentos se constituem por meio de projetos de lei; esse Projeto de Lei
ainda deve ser submetido a esta Casa a fim de que nós, Verª Sofia, possamos
discutir aqui, como verdadeiros representantes da sociedade, qual o zoneamento
que deve ser adotado para aquela região. Quando ouço aqueles discursos que são
feitos aqui, relacionados com o compromisso assumido pelo Sr. Prefeito eleito
de adotar mecanismos relacionados à participação popular, devo dizer que
entendi esse discurso do ex-Senador Fogaça como um compromisso de fazer com que
todos os segmentos sociais possam agora participar, e não apenas aqueles
segmentos ligados a um Partido. É isso que nós não queremos, Ver. Sebenelo.
Vossa Excelência sabia que entre esses conselheiros do Orçamento Participativo
que foram a Paris prestar depoimentos do que era o Orçamento Participativo, foi
um conselheiro aqui da Lomba do Pinheiro que eu conheci, advogado. E, logo após
ir a Paris - patrocinado por dinheiro público - para prestar depoimento do que
era Orçamento Participativo, esse conselheiro, como advogado, recebeu dinheiro
de algumas famílias aqui da Lomba do Pinheiro para fazer um processo de
usucapião e não fez processo nenhum; embolsou o dinheiro. E era essa gente que
estava sendo patrocinada para ir a Paris! Era esse que estava sendo patrocinado
para ir a Paris! Ele enganou a população da Lomba do Pinheiro, e eu denunciei
aqui, na época em que estava acontecendo; e não só aqui, nós mandamos também o
processo para a Ordem dos Advogados do Brasil.
E aí vêm dizer-me que a verdadeira
participação popular era aquela ou essa que está sendo apresentada pelo Partido
dos Trabalhadores?! Ah, não! Pára com isso! A verdadeira participação é aquela
que engloba todos os segmentos da população, quando todos podem opinar, quando
as associações de bairro, quando os clubes de mães podem ter força para que
eles também possam falar; quando os Vereadores, em contato com a sociedade
organizada, com os seus segmentos e com os que eles representam aqui nesta
Câmara, possam falar em nome dessa sociedade, e não apenas em nome de um
segmento da sociedade que é ligado a determinado Partido. Aí eu acredito que
não é participação popular coisíssima nenhuma!
Eu sempre chamei esse Orçamento
Participativo de alguma coisa que apenas enrolava a população. Eu acho que não
é justo que isso continue acontecendo, e eu tenho certeza absoluta que no
próximo Governo, no Governo do ex-Senador José Fogaça, essas coisas serão
corrigidas, e precisam ser corrigidas! Eu posso dizer a V. Exª, Verª Sofia
Cavedon, que eu sou absolutamente favorável ao Veto que foi oposto aqui nesse
Projeto de Lei, e desde que bem organizado, e não partidarizado, eu não sou
contrário a que nós possamos fazer inclusões como essa que foi feita no bairro
Azenha, aquela que foi feita aqui no Centro da Cidade, de pessoas que não
pertencem àquela mesma camada social, mas que devem ser incluídas ali também.
A
SRA. PRESIDENTE (Margarete Moraes): Vereador, seu tempo se
encerra. O Ver. Luiz Braz continua com a palavra por cedência de tempo do Ver.
Ervino Besson.
O
SR. LUIZ BRAZ: Digo isso, para que nós pudéssemos ter,
Verª Sofia, quem sabe até um aprendizado maior de uma camada social com outra
camada social, e até para que, um dia, nós possamos ter, quem sabe, uma
sociedade mais igual. Nós não acreditamos que vamos ter algum dia uma sociedade
totalmente igual, mas nós precisamos realmente criar dispositivos que nos
possam levar a ter uma sociedade mais igual. Nós temos hoje uma sociedade muito
injusta. Apesar de todos os esforços que já foram feitos, nós temos uma
sociedade extremamente injusta, eu acho, e todos nós precisamos trabalhar;
agora, nós não vamos atingir esse objetivo se um começar a empurrar para um
lado e outro começar a empurrar para o outro.
Vossa Excelência já começa a pregar aqui
neste Plenário, hoje, que vão ficar exatamente naquela condição de tentar que o
futuro Prefeito não faça nada, o que foi sempre a prática do seu Partido. A
prática do seu Partido foi sempre aquela de impedir que as administrações
pudessem realizar alguma coisa. Eu me lembro do Diógenes, quando fazia os
movimentos aqui para dizer que a tarifa do transporte coletivo era muito
elevada. Sabem para onde foi o Diógenes depois? Ele foi ser representante de
uma empresa que faz carrocerias de ônibus lá em Portugal, foi trabalhar para
essa multinacional. Ele, na verdade, contribuiu muito para que a tarifa
chegasse à altura daquilo que queriam todos os empresários. E eu não ouvi uma
só palavra do Partido dos Trabalhadores para dizer alguma coisa contra o seu
correligionário! Ele que, depois, também acabou aparecendo no Clube da
Cidadania, que foi cantado em prosa e verso naquela CPI que foi aberta na
Assembléia Legislativa.
Então, Verª Sofia, eu conclamo V. Exª a
que possamos trabalhar no sentido de que haja realmente uma participação
popular bem maior do que esta que nós temos hoje; que todos os segmentos da
sociedade possam estar envolvidos, e não apenas um segmento. Eu mesmo corrigi
muitas vezes, aqui, o texto das Diretrizes Orçamentárias quando vinham para cá,
dizendo que a participação popular se dará através do Orçamento Participativo.
Eu muitas vezes corrigi esse texto aqui, dizendo que a participação popular
deve-se dar através de todas as instituições organizadas da sociedade civil, e
não através apenas do Orçamento Participativo, porque acho extremamente injusta
a forma proposta pelo Partido de Vossa Excelência.
A
Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu apenas quero lembrar, Ver. Luiz Braz, que durante a campanha nós
pudemos ter depoimentos de conselheiros apoiando o Senador Fogaça, que o
próprio Ver. Beto Moesch nunca foi do PT e participou do Orçamento
Participativo, que inclusive havia um anúncio de 80 conselheiros, entre
conselheiros e ex-conselheiros, que apoiavam a candidatura de oposição. Então,
acho injusto afirmar que só o segmento do PT participa do Orçamento
Participativo, isso não é real; não é real! Isso está provado e comprovado,
aberto a todos.
Só para encerrar, quero dizer que acho
legítimo que se discuta, rediscuta com a sociedade as formas de participação,
acho que não é uma só, nós tivemos inúmeros conselhos setoriais, congressos;
então, não é só o OP. Só queria fazer esse registro.
O
SR. LUIZ BRAZ: V. Exª é uma Vereadora extremamente
inteligente, e eu tenho certeza absoluta que V. Exª pode dar uma contribuição
muito grande, assim como os outros Vereadores da Bancada de V. Exª podem dar
uma contribuição muito grande para que nós realmente possamos, quem sabe, ter
na gestão seguinte, na administração que vai ser comandada pelo ex-Senador Fogaça,
de repente, uma administração melhor ainda do que todas aquelas que nós tivemos
até agora; eu acho que nós temos que trabalhar para isso. O nosso apelo é para
que não fiquem nessa linha que começou a ser pregada por V. Exª que parece que
quer impedir ou quer apostar que vai ser, realmente, pior o momento seguinte.
Eu acho que essa linha de vocês tem atrasado o País, tem atrasado o País em
demasia! Eu acuso, realmente, o PT e os Partidos seguidores do PT de terem
atrasado, aqui a nossa Cidade, em demasia! Ver. Elói Guimarães, eu me lembro,
por exemplo, da Reforma Previdenciária, da Reforma Trabalhista, de tantas
reformas que, de repente, queria-se fazer antes, mas foram impedidas pelo
Partido dos Trabalhadores, mesmo eles sabendo que eram necessárias. Então, tem
que parar com isso, isso é uma doença; isso é uma doença! É o egoísmo que toma
conta dessas pessoas, de algumas pessoas que pertencem a esse Partido, e parece
que isso faz um mal danado para o conjunto da sociedade, e é exatamente isso
que nós devemos fazer. Eu acho que nós todos temos de estar unidos para que,
realmente, um Projeto como esse, por exemplo, possa ser aprovado, mas quando a
gente estiver discutindo o processo de zoneamento, que nós possamos achar a
solução adequada para que a sociedade como um todo possa ganhar.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em votação nominal,
por solicitação do Ver. João Antonio Dib, a prorrogação da Sessão por mais 2
horas. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADO
por 14 votos SIM, 02 votos NÃO. Não há quórum. Está encerrada a
Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 18h33min.)
* * * * *